A norma do monolinguismo na tradução do texto multilíngue. O caso das traduções portuguesa e brasileira de Män som hatar kvinnor

Lucía Molína, Katia Aily Franco de Camargo

Resumo


O objetivo deste artigo é analisar as traduções indiretas de um texto multilíngue para uma mesma língua – o português – em dois sistemas literários distintos: o português europeu e o brasileiro. A opção de manter o multilinguismo do texto original ou, ao contrário, a opção pelo monolinguismo, atua como um padrão para a tradução, e, portanto, uma de suas características definidoras é a especificidade sociocultural (TOURY, 1995, p. 104). Essa característica inerente à natureza das normas pressupõe que essas não se aplicam igualmente a todos os sistemas culturais. Partindo desse princípio, propomos uma análise comparativa entre as traduções portuguesa e brasileira do romance Män som hatar kvinnor, de Stieg Larsson, com foco nas opções de tradução do léxico escrito em uma língua diferente do sueco original. Por outro lado, essas duas traduções utilizam outras duas como texto base. A tradução de Portugal está baseada na tradução inglesa e a do Brasil na francesa. Por isso, o artigo também aborda, embora de maneira tangencial, a questão das traduções indiretas. Ao final pudemos perceber a predominância da domesticação no corpus estudado. 

Palavras-chave


Texto multilíngue; Män som hatar kvinnor; Tradução indireta; Domesticação.

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DOI: https://doi.org/10.15210/rle.v25i1.22153

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Qualis: A1 (Letras, 2016)

ISSN (digital): 1983-2400

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