O papel da sílaba na aquisição da linguagem oral e escrita

Eleonora Albano, Mariana Hungria, Luciana Rodrigues

Resumo


Estudos recentes do português brasileiro (doravante, PB) sugerem que a vogal é a base da construção da sílaba tanto na escrita (RODRIGUES, 2012) como na fala (HUNGRIA & ALBANO, 2016). A emergência da escrita não é equiparável à da fala, pois o repertório linguístico e cognitivo do pré-escolar é muito maior que o do bebê. Neste artigo, revisitamos esses estudos para argumentar que os efeitos observados são sócio-cognitivos, apesar de terem raízes biológicas. Propomos que as vogais constituem pontos de apoio em ambas as idades porque veiculam a prosódia, um componente indispensável da interação criança/adulto. Mesmo no início do balbucio, os bebês observados coordenavam a ação compartilhada à vocalização, graças a algumas vogais favoritas, acompanhadas de pouquíssimas consoantes, geralmente laríngeas. Além de variegar osLinguagem & Ensino, Pelotas, v.21, n. esp., |VIII SENALE| p. 147-185, 2018 148turnos orais, a prosódia dá coesão e sentido a um discurso construído conjuntamente com os cuidadores. Analogamente, os pré-escolares observados “redigiam” e “liam” textos curtos durante atividades narrativas conjuntas, mesmo num estágio em que seu repertório gráfico era principalmente vocálico. Com estatísticas simples e excertos de transcrições de áudio, mostraremos que a imersão num ambiente estimulante facilita a construção da sílaba a partir dos seus constituintes de maior sonoridade, passo decisivo no percurso da criança rumo à fluência – tanto oral como de leitura.

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DOI: https://doi.org/10.15210/rle.v21i0.15191

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Qualis: A1 (Letras, 2016)

ISSN (digital): 1983-2400

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