Apresentação
Resumo
Começamos este número de Cadernos de Educação com uma análise da educação argentina durante o governo de Raul Alfonsín (1983-1989), apresentada no artigo La construcción de hegemonía durante los años ochenta en Argentina – la alfabetización como estrategia del Estado para educar el consenso, escrito por Cinthia Wanschelbaum. Nesta análise, a autora faz ver que o Plano Nacional de Alfabetização do período consistiu em uma estratégia da pedagogia da hegemonia para educar o consenso, tratando de transmitir, difundir e buscar a internalização de uma concepção de mundo para aportar a consolidação da legitimidade necessária até o novo projeto hegemônico do governo Argentino.Ainda sob a perspectiva do debate histórico, Márcia Ondina Vieira Ferreira e Márcia Cristiane Völz Klumb Coronel, escrevem o artigo Identidades professorais em movimento no contexto do sindicalismo docente: a criação do 24º Núcleo do CPERS/SINDICATO (Pelotas/Brasil), que reconstrói o processo de fundação do 24º Núcleo do CPERS/SINDICATO. Depois de uma análise sobre a greve estadual de 1979 e a posse da diretoria nos anos oitenta, as autoras concluem que este período “consolidou uma perspectiva identitária da categoria com características mais proletarizadas”.A partir dessas análises de cunho mais histórico, seguem três artigos que discutem algumas dimensões envolvidas em processos de aprendizagem. O primeiro – Mediação entre pares: formação de conceitos matemáticos por crianças com dificuldades de aprendizagem – de Fabiane Adela Tonetto Costas, trata da formação de conceitos matemáticos através da mediação realizada com crianças do terceiro ano do ensino fundamental. O segundo –Psicopedagogia: uma análise sobre a singularidade linguística e cultural dos surdos – de Karina Ávila Pereira, analisa o meio linguístico no qual o aluno surdo se desenvolveu, problematizando as relações que se estabelecem entre surdez e dificuldades de aprendizagem. Já o terceiro – Métodos avaliativos no processo de ensino e aprendizagem: uma revisão – de Danilo Scherre Garcia da Silva, Poliana Michetti de S. Matos e Daniel Manzoni de Almeida, analisa “a coerência entre o que o professor ensina e a forma como ele avalia a aprendizagem” como determinante para encaminhar um bom processo educativo. Para tanto, os autores buscam “identificar e caracterizar os métodos avaliativos envolvidos no processo de ensino-aprendizagem”, defendendo que “um processo avaliativo depende dos três principais tipos de avaliação: a diagnóstica, a formativa e a somativa, concluindo sobre a relevância dos métodos avaliativos ao longo de um processo educativo, bem como a sua contribuição para o ensino-aprendizagem dos discentes.Na sequência, o artigo Poetando e pintando uma “formação de professores” com Manoel e Martha Barros, de Janete Magalhães Carvalho, Sandra Kretli Silva e Steferson Zanoni Roseiro, defende a tese da natureza micropolítica e conversacional dos processos de formação dos professores, concluindo que os signos artísticos potencializam a produtividade dos “encontros” e a atualização de conceitos, num devir-revolucionário de constituição do “povo que falta” na educação, no aprender-ensinar, no currículo, no cotidiano escolar”.No artigo Professor de Escola em Pesquisa no Contexto da Educação Básica, Rosangela Ines Matos Uhmann, Maristela Maria de Moraes e Otavio Aloisio MaldanerFazem uma revisão bibliográfica em artigos científicos e importantes eventos da área de educação no Brasil, para responder a pergunta Quais indicadores Menga Lüdke encontrou sobre o professor pesquisador da Educação Básica, tendo em vista as compreensões, possibilidades e os limites de sua efetivação? Os autores argumentampela necessidade de professores de escolas e de universidades investigarem sobre o ensino como fator de crescimento profissional e melhora da Educação.Sobre a dimensão do trabalho docente, Elaine Munthe e Sissel Østrem apresentam Imagens de trabalho em sala de aula com professores iniciantes, no qual analisam dois tipos de imagens: uma sobre interações em sala de aula e o ensino, baseada em vídeos filmados em sala de aula, e outra, as imagens que os professores utilizam a respeito de sua própria prática de ensino, relacionada com as imagens em vídeo.Continuando o debate educativo, agora sobre a perspectiva curricular, o artigo Conhecimento Cotidiano, Científico e Escolar: Especificidades e Inter-Relações enquanto Produção de Currículo e de Cultura, de Fábio André Sangiogo e Lenir Basso Zanon, defendem que “a escola e a ciência são instâncias de produção cultural”. Para tanto exploram os confrontos e articulações entre saberes na escola contemporânea, no âmbito do componente curricular de química, para defender que os campos culturais do conhecimento cotidiano e do conhecimento científico são inerentes aos processos de (re)construção do conhecimento tipicamente escolar, assim constituindo culturalmente os sujeitos ao longo da educação básica.Terminamos este número com o artigo Análise da violência em escolas públicas e privadas de bairros de classes sociais A, B, C no município de São Leopoldo, RS, escrito por Arlindo Weber de Oliveira e Paulo Roberto Fitz, no qual analisam, “através de dados estatísticos, a relação existente entre violência e classe social em determinadas escolas da rede de ensino no município de São Leopoldo, RS. Indicando “que a violência e o preconceito sofrido por alunos (bullying) estão presentes em todas as escolas da rede de ensino público e privado no município, independentemente da classe social na qual estão inseridas”.Desejamos a todas as pessoas uma boa leitura.