A prática como componente curricular: uma possibilidade de inovação ou uma re-semantização retórica na discussão curricular dos cursos de formação de professores?

Cleoni Maria Barboza Fernandes, Adriana Sousa, Maira Cunha

Resumo


A discussão da inserção da prática como componente curricular, presente na legislação que trata da organização curricular nos cursos de graduação, aqui circunscritos aos cursos de formação de professores, encaminha-nos para uma reflexão mais contextualizada no cenário das políticas públicas. Essas políticas públicas, que tratam da formação de professores, definem a necessidade de currículos organizados em processos que privilegiem a tematização dos conhecimentos escolarizados; dos saberes da experiência; da iniciação científica; da inserção no campo profissional desde o início do curso, articulando teoria e prática; do estágio supervisionado a partir da metade do curso; da identidade do curso de Licenciatura. As práticas que temos vivido revelam concepções de conhecimento, de aprendizagem e de sociedade, que se situam em um paradigma dominante que privilegia dicotomia sujeito e objeto, mente e matéria, em que o conhecimento é coisificado e separado do processo de construção pessoal. A relação teoria e prática apresenta-se como um problema ainda não resolvido em nossa tradição filosófica, epistemológica e pedagógica. Este artigo busca analisar a inserção da prática como componente curricular no contexto de uma pesquisa interinstitucional: A Licenciatura e a Resolução CNE/CP 2 de 19 de Fevereiro de 2002 -possibilidades e limites - reconfigurações de Projetos Pedagógicos, interrogando a possibilidade de inovação ou de uma re-semantização retórica na organização curricular dos cursos de formação de professores.

Palavras-chave: formação de professores, prática, inovação.


The training period as a component of the curriculum: is it a possibility of innovation or rhetorical re-semantic in the organization of curricula of teacher education courses?

Abstract
The discussion of whether or not the training period should be a component of the curriculum, which takes part in the legislation that talks about curriculum organization concerning graduation courses, here circumscribed to teacher education courses, has been leading us to a more contextualized reflection in the public policies scenario. The public policies that refer to teacher's education define the need for curricula organized in processes that are able to put into context and justify some items such as school knowledge; knowledge that comes from experience; scientific initiation; insertion in the professional arena since the beginning of the course so as to articulate theory and practice; supervised traineeship as of the middle of the course; identity of the Courses in Education. The experiences we have been living reveal knowledge, learning and society conceptions that are located within a dominant paradigm, besides favoring the dichotomy subject/object, mind and matter, in which knowledge is turned into "something" and separated from the personal construction process. The relationship between theory and practice is presented as a problem not yet solved in our philosophical, epistemological and pedagogical tradition. The present article aims at analyzing the insertion of the training period as a curriculum component in the context of an inter-institutional research: Teacher Education Courses and Resolution CNE/CP2 from February 19th 2002 - limits and possibilities - Reconfiguring Pedagogical Projects, questioning the possibility of innovation or rhetorical re-semantics in the organization of the curricula of teacher education courses.

Key-words: formation of teacher, practice, innovation.