Dos meta-processos ao acesso consciente: evidência a partir de dados metalinguísticos e de reparo produzidos por crianças

Resumo

Este artigo explora as possíveis relações entre os meta-processos inconscientes e aqueles que estão disponíveis ao acesso consciente e à verbalização. Argumenta-se que a questão do acesso consciente deve ser conceitualizada desde uma perspectiva desenvolvimental, a fim de que se possa entender sua função na cognição humana. Um quadro teórico é especificado na forma de um modelo recorrente de três fases (diferenciado de modelos de estágios) com ênfase na distinção entre as representações definidas implicitamente e a explicitação representacional progressiva em vários níveis de processamento, culminando na possibilidade de acesso consciente. O papel do acesso consciente bem como o do feedback positivo e negativo são discutidos à luz de uma distinção feita entre modelos de sequência desenvolvimental e modelos de fluxo de processamento de informações em tempo real. Ressalta-se um modelo de mudança representacional baseado no sucesso em oposição a um modelo de mudança comportamental baseado no fracasso. Os dados consistem em uma detalhada comparação de respostas metalinguísticas e reparos espontâneos de crianças. Argumenta- se que a consciência metalinguística tem um pequeno ou nenhum papel a desempenhar na aquisição da linguagem no nível macrodesenvolvimental, e um papel secundário no processamento linguístico em tempo real, mas que representações verbalmente codificadas desempenham um papel fundamental macrodesenvolvimento geral. As implicações do modelo são brevemente examinadas em relação ao status representacional da linguagem fluente de algumas crianças com baixo QI e de falantes adultos fluentes em uma língua não nativa. É dada a devida consideração ao fato de que alguns aspectos da linguagem, mas não outros, estão disponíveis ao acesso consciente. Isso leva a especulações quanto à plausibilidade de considerar a modularidade um produto de alguns aspectos do desenvolvimento, em vez de restrigi-la unicamente ao que é inato. 
Palavras-chave: aquisição da linguagem; mudança representacional; redescrição representacional. 
From the meta-process to the conscious access: evidence from the metalinguistic data and from repair produced by children
AbstractThis work explores the possible relationship between the unconscious metaprocess and those that are available to the conscious access and to the verbalization. It is argued that the issue of conscious access should be conceptualized from a developmental perspective in order to be able to understand their role in human cognition. A theoretical framework is specified in the form of a recurrent pattern of three phases (differentiated stage models) with emphasis on the distinction between implicit and explicit representations defined representational progressive multiple processing levels, culminating in the possibility of conscious access. The role of conscious access as well as the positive and negative feedback are discussed in light of a distinction between models of developmental sequence and flow models of information processing in real time. It is emphasized a model of representational change based on the success as opposed to a model of behavioral change based on the failure. The data consist of a detailed comparison of metalinguistic and repair spontaneous responses of children. It is argued that metalinguistic awareness has little or no role in language acquisition macro developmental level, and a secondary role in language processing in real time, but verbally coded representations play a key role general macro development. The implications of the model are briefly examined in relation to the representational status of language fluently some children with low IQ and adult speakers fluent in a language not native. Is given due consideration to the fact that some aspects of language, but not others, are available to the conscious. This leads to speculation about the plausibility of considering modularity a product of some aspects of development rather than restrict it only to what is innate. 
Keywords: language acquisition; representational change; representational description.