Memória, imprecisões, sentidos: em torno da proposta bakhtiniana de estudos da linguagem

Adail Sobral, Karina Giacomelli

Resumo


Pretendemos, neste ensaio de discussão teórica, a partir de considerações sobre memória e produção de sentido, apresentar uma breve discussão sobre as imprecisões, flutuações, modulações etc. que caracterizam o uso da linguagem. Para isso, levamos em consideração, de um lado, a imprevisibilidade que marca as interações (as interações não têm delimitação precisa; dependem de eventos que não se podem prever), e, do outro, a parcialidade constitutiva do trabalho da memória nas interações. Nesses termos, a memória é um esquecimento seletivo, no sentido de que o sujeito recorre ao repertório de rememorações de acordo com as necessidades, imprevisíveis, de suas interações. Trata-se de um trabalho que se inspira na teoria e análise dialógica, ou análise dialógica do discurso, a qual permite defender a existência de dispositivos enunciativos de mediação entre repertório linguístico e agir discursivo. Não vamos reapresentar aqui a teoria dialógica, uma vez que fazemos uma discussão epistemológica de aspectos seus, e não um artigo baseado em obras específicas daquela. De acordo com essa teoria, as significações na língua são mobilizadas para instaurar sentido na linguagem. As significações se manifestam em frases e, o sentido, em enunciados. A mobilização das significações, que têm um maior grau de estabilidade, pelos enunciados, a fim de criar sentidos, é afetada, como pretendemos mostrar, pelas instabilidades manifestas nas interações, mesmo que estas se realizem em gêneros, que têm uma estabilidade relativa, mas que não são elementos capazes de delimitar de uma vez por todas o que ocorre no processo de instauração de sentidos.

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DOI: https://doi.org/10.15210/rle.v21i0.15184

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Qualis: A1 (Letras, 2016)

ISSN (digital): 1983-2400

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