Remição de pena por leitura: o sistema prisional e a extensão universitária
Resumo
RESUMO
Tem se tornado cada vez mais sólido o argumento de que as pessoas que vivem a situação de privação de liberdade continuam sendo cidadãos não só de deveres, mas também de direitos, o que propiciou avanços significativos na perspectiva da humanização dos espaços de privação de liberdade. Nesse contexto, a perspectiva de inserção no espaço prisional de atividades formativas, tanto no âmbito profissional quanto educacional, passa a receber destaque e surge, e se fortalece cada vez mais, a remição de pena. Paralelo a essas questões sobre o sistema prisional, também é crescente a discussão sobre a importância da extensão universitária, uma vez que a Universidade possui também demandas sociais. Tendo em vista este cenário, o presente trabalho tem por objetivo analisar a experiência extensionista de um Clube de Leitura em uma cadeia pública localizada no extremo norte do Tocantins. Esse Clube de Leitura consiste em encontros semanais na cadeia pública para discussão de trechos pré-estabelecidos de obras literárias definidas coletivamente para leitura. Após a leitura os participantes, com auxílio das extensionistas, elaboram uma resenha, a qual possibilita a remição de pena por leitura. As três obras lidas pelo grupo, até o momento, foram: Ubirajara, de José de Alencar; A metamorfose, de Franz Kafka; e O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. Tais leituras suscitaram reflexões sobre honra, o papel da mulher na sociedade, os estereótipos de índio, determinação, vingança, sentido do trabalho, valor da família, importância da vida, absurdos da vida adulta, encantamento pelo mundo, justiça, valorização da infância. Em nossa experiência a leitura, ainda que difícil, não se apresentou tão desafiadora como a escrita das resenhas. Temos buscado ouvir todos os que estão envolvidos com o sistema prisional e, junto com eles, tentado construir práticas educativas pertinentes para o contexto de privação de liberdade.
PALAVRAS-CHAVE
Remição da pena; Leitura; Sistema prisional; Extensão universitária.
ABSTRACT
The argument that people who live in situation of deprivation of liberty are still citizens not only of duties, but also of rights, has become increasingly solid. This led to significant advances in terms of humanization of spaces of liberty deprivation. In this context, the perspective of insertion of educational activities into prison space, both professional and in education, happens to receive prominence, and emerges and strengthens the remission of punishment. Parallel to these questions about the prison system, the discussion about the importance of university extension has been increase, since the university also has social demands. In view of this scene, the objective of this work is to analyze the extensionists experience of a Book Club in a public prision located in the northern end of Tocantins. This Book Club consists of weekly meetings in the public prision for discussions of pre-established literary’s snippets defined for collective reading. After reading, with the help of extensionists, the participants prepare a review, which allows the remission of sentence by reading. Until now, the three works read by the group were: Ubirajara, José de Alencar; The metamorphosis, Franz Kafka and The Little Prince, Antoine de Saint-Exupéry. These readings allowed reflections about honor, the role of women in society, indigenous stereotypes, determination, revenge, sense of work, family value, importance of life, absurdities of adulthood, the enchantment by world, justice, appreciation of childhood. In our experience, although difficult, the readings were not as challenging as writing the reviews. We have tried to listen to all those involved with the prison system and, with them, we have tried to build educational relevant practices in the context of deprivation of liberty.
KEYWORDS
Reduction of time serving; Reading; Prison system; University extension.
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