Exclusão Social versus Oportunidades: a estratégia discursiva das Políticas Públicas de Juventude no Brasil.

Resumo

Num contexto de ampliação significativa da participação de jovens em políticas públicas de juventude ofertadas por diversas esferas da administração pública, este texto trata das noções que permeiam os discursos destas políticas. O suporte empírico que serviu de base para esta reflexão é oriundo de um trabalho de campo etnográfico realizado de forma multissituada em diversos períodos, entre os anos de 2007 e 2012, em meio a jovens, educadores e coordenadores do Programa Projovem Urbano em Fortaleza. A abordagem utilizada foi qualitativa, tendo, como métodos, a observação participante e vivencial em atividades do Programa e a realização de entrevistas semi-estruturadas. O estudo aponta que a estratégia discursiva das políticas públicas de juventude tem como principais noções: oportunidade, interesse, exclusão e inclusão social, o que por vezes, pode reforçar a representação de que os jovens pobres tem uma vida desestruturada e que a participação em um projeto social seria seu caminho de salvação. A classificação binária, excluído e incluído, produz divisões imaginárias entre os jovens que têm “interesse” em mudar de vida e os que não aproveitam a oportunidade concedida pelo Estado. Neste sentido, há um regime de moralidade que permeia os discursos do Programa e propõe uma conduta a ser seguida pelos jovens.