MINERÍA A CÉU ABERTO: OS EMBATES DA COMUNA AFRODESCENDENTE PLAYA DE ORO, ESMERALDAS - EQUADOR
Resumo
Resumo: Antes de iniciar a narrativa sobre o caso da minería a céu aberto e seus efeitos na Comuna afrodescendente de Playa de Oro, eu gostaria de fazer alguns breves apontamentos sobre a eleição do lugar dessa pesquisa. Ou melhor, gostaria de situar o leitor nessa incursão etnográfica pelo Equador. Explico essa escolha: não é por acaso o meu deslocamento para uma comunidade negra na parte setentrional deste país que sequer faz fronteira com o Brasil. Por pelo menos dez anos eu estive envolvida entre coletivos afrodescendentes brasileiros e seus pleitos de justiça - por direitos fundamentais - nos quais a autonomia do território ancestral prefigura como uma importante matriz de luta. Tudo começa em Alcântara, no Maranhão, em 2004, com a etnografia sobre os embates com o governo brasileiro em razão de seu excludente e violento programa nacional espacial que desconsiderou parte desses grupos negros e suas histórias; e, compulsoriamente, os colocou à margem de seus próprios territórios em razão da construção de uma base de lançamentos de foguetes no município alcantarense. Já em 2008, repenso essas lutas pelo território, dessa vez partindo de uma gramática expressiva – sonoro-ritual -, no Rio Grande do Sul, entre quilombolas do município de Tavares. Etnografei os vínculos sagrados desses quilombolas com Nossa Senhora do Rosário e como o ritual do Quicumbi (re)instaura a autonomia sobre esse território. Em síntese, esse foi o percurso etnográfico que antecedeu minha ida ao Equador.
Abstract: Before beginning the narrative about the case of open pit mining and its effects on the Afro-descendant Commune of Playa de Oro, I would like to make a few brief notes on the election of the place of this research. Or rather, I would like to situate the reader in this ethnographic incursion into Ecuador. I explain this choice: it is no coincidence that I am moving to a black community in the northern part of this country that does not even have a border with Brazil. For at least ten years I have been involved among Brazilian afro-descendant groups and their lawsuits for fundamental rights, in which the autonomy of the ancestral territory prefigures as an important matrix of struggle. It all starts in Alcântara, Maranhão, in 2004, with the ethnography about the conflicts with the Brazilian government due to its exclusionary and violent national space program that disregarded part of these black groups and their histories; and compulsorily placed them on the margins of their own territories due to the construction of a base of rocket launches in the municipality of Alcantarense. Already in 2008, I rethought these struggles across the territory, this time starting from an expressive grammar - sonoro-ritual -, in Rio Grande do Sul, among quilombolas from the municipality of Tavares. I ethnograph the sacred bonds of these quilombolas with Our Lady of the Rosary and how the ritual of Quicumbi (re) establishes the autonomy over this territory. In short, this was the ethnographic journey that preceded my trip to Ecuador.
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DOI: https://doi.org/10.15210/lepaarq.v11i22.3906