O INVISÍVEL DO VISÍVEL

Luc Bachelot

Resumo


Este trabalho tenta realizar uma análise ontológica da imagem visando a explicar sua omnipresença na história da humanidade. De fato, não há sociedade que tenha ignorado as imagens. Mesmo aquele que as condenaram com vigor, ao agirem assim, não faziam nada mais do que sublinhar a importante que atribuíam a elas. As imagens suscitaram então paixões tanto negativas (condenação teórica, interdição prática, iconoclasma, etc.) quanto positivas (amor pelas imagens, pela representação, etc.). Defende-se aqui a hipótese de que aquilo que está no fundamento da imagem é a sua capacidade de fazer a ligação entre o visível (aquilo que efetivamente se dá a ver na imagem) e o invisível (tudo aquilo que não se vê nela, mas na direção de que nos voltamos, para poder interpretá-la). De fato, nenhuma descrição, por mais detalhada que possa ser, esgota a significação dela. Implica dizer que aquilo que não está na imagem conta tanto quanto, senão até mais, do que aquilo que se encontra nela. Para balizar esta demonstração, apoiamo-nos sobre a documentação muito sugestiva da Mesopotâmia antiga e sobre certas criações emblemáticas da arte contemporâne, à luz de duas correntes de pensamento que marcaram o século XX, a psicanálise e a filosofia de Jacques Derrida (1930-2004).

Palavras-chave


Mesopotâmia, imagem, visível, invisível, filosofia

Texto completo:

PDF

Referências


ADLER, L. Marguerite Duras. Paris: Gallimard, 1998.

BACHELOT, L. La fonction politique des reliefs néo-assyriens. In: CHARPIN, D.; JOANNES, F. (org.). Marchands, diplomates et empereurs. Paris: ERC, 1991, p. 109-128.

BACHELOT, L. Les sceaux et empreintes de sceaux du chantier F, niveaux IX, néo-assyrien. In: BACHELOT, L.; FALES, F. M. (éd.). Tell Šiukh Fawqani 1994-1998. Pádua: SARGON, 2005, p. 583-589.

BARNETT, R. D. Sculptures from the Norh-Palace of Assurbanipal at Nineveh. London: The British Museum, 1967.

BELLEMIN-NOËL, J. Gradiva, fantaisie pompéienne. Col. Folio essais. Paris: Gallimard, 1986.

BLISTENE. B. Une histoire de l’art du XXe siècle. Beaux-Arts Magazine, Paris: Centre Pompidou, 2002.

BRAGUE, R. 2005, « La leçon des Anciens ». Le Point, hors série, p. 7-11, 2005.

DARRAS-WORMS, A.-L. Le visage de l’invisible. Paris: Éditions J.-P. Migne, 1994.

DERRIDA, J.; STIEGLER, B. Échographies de la télévision. Paris: Galilée-INA, 1996.

DURAND, J.-M. 1982, « Textes et images à l’époque néo-assyrienne ». Dire, voir, écrire. Le texte et l’image, n°6, Paris: Université de Paris VII, 1982.

FALES, F.M. (org.). Assyrian royal inscriptions: new horizons in literary, ideological and historical analysis. Papers of a symposium held in Cetona (Siena) June 26-28, 1980. Roma: Istituto per l’Oriente Centro per la Antichità e la Storia dell Arte del Vicino Oriente, 1980.

FREUD, S. Der Wahn und die Träume in W. Jensens, « Gradiva », Leipzig e Viena: Heller, 1907 et 1912.

JENSEN, W. Gradiva, ein pompejanisches Phantasiestück. Dresden e Leipzig: Carl Reissner, 1903.

JOANNES, F. (org.). Dictionnaire de la civilisation mésopotamienne. Paris: Robert Laffont, 2001.

LAVAUD, L. « Icône/idole ». In: L’image. Paris: GF Flammarion, 1999.

LAVAUD, L. « Introduction ». In: L’image. Paris: GF Flammarion, 1999.

LAYARD, A. H. The Monuments of Nineveh, T. I et II. Londres: J. Murray, 1849.

MARION, J.-L. L’idole et la distance. Paris: Grasset, 1977.

MICHAUD, Ph.-A. Le peuple des images. Paris: Desclée de Brouwer, 2002.

PLATON. OEuvres complètes, T. I et II (trad. Léon Robin). Bibliothèque de la Pléiade, Paris : Gallimard, 1950.

RANCIERE, J. L’inconscient esthétique. Paris: Galilée, 2001.

READE, J. E. « Assyrian Architectural decoration: Techniques and Subjects matter », Baghdader Mitteilungen 10, p. 17-49, 1979a.

READE, J. E. « Narrative composition in Assyrian sculpture », Baghdader Mitteilungen 10, p. 52-110, 1979b.

SERVIER, J (org.). Dictionnaire critique de l’ésotérisme. Paris: PUF, 1998.




DOI: https://doi.org/10.15210/lepaarq.v14i27.11498

 
Contador de visitas