CAPOEIRA ANCESTRAL, UMA PRÁXIS AFRO-BRASILEIRA

Leandro Ribeiro Palhares

Resumo


O presente estudo foi proposto seguindo o percurso metodológico qualitativo da revisão bibliográfica e tendo suas análises baseadas no processo construtivo e interpretativo, embasado pela Epistemologia Qualitativa. A capoeiragem pode ser uma das principais experiências históricas afro-brasileiras. A Capoeira Ancestral, que emergiu, aproximadamente, entre 1850 a 1920, se fundamenta em processos coletivos, éticos, conscientes, de resistência. Ela apresenta, até os dias de hoje, um caráter decolonial e sem fins capitalistas/mercadológicos. Os fundamentos da Capoeira Ancestral se constituíram a partir de saberes africanos. Seus ritos de guerra, de festejos e religiosos apresentavam um fazer comum, um eixo norteador: a condução do corpo, permeado pela música e pelo canto. A comunicação sempre se fez presente pelo som (tambores, palmas, corpos, vozes): a corpo-oralidade como método de preservação das identidades étnicas, dos valores e saberes ancestrais. O Recôncavo Baiano foi o berço da capoeiragem, agregando os fundamentos codificados no berimbau e nos cantos — e os Candomblés, os Sambas de Roda e o Batuque também se desenvolveram segundo a mesma episteme africana. Na Capoeira Ancestral, cada toque de berimbau tem função, cada formação de bateria codifica um saber corporal que precisa ser decifrado; o capoeirista tinha de aprender a ler carta de ABC. Resgatar a Capoeira Ancestral torna-se um passo importante na reparação das memórias e fundamentos ancestrais da capoeiragem, resistindo por décadas ao silenciamento e invizibilização, porém, ainda hoje, vivos.

Palavras-chave


Capoeira. Ancestralidade. Matriz africana.

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DOI: https://doi.org/10.15210/ee.v25i3.18804

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