Theoretical-practical knowledge of the nursing team regarding cardiopulmonary resuscitation in the hospital environment
Conocimientos teórico-prácticos del equipo de enfermería sobre reanimación cardiopulmonar en el ámbito hospitalario
Oliveira, Thaísa Mariela Nascimento[1]; Lima, Priscila Alvim[2]; Scholze, Alessandro Rolim[3]
RESUMO
Objetivo: descrever o conhecimento teórico-prático da equipe de enfermagem referente a reanimação cardiopulmonar no âmbito intra-hospitalar. Método: revisão integrativa, realizada em Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online e Base de Dados em Enfermagem. Foram incluídos artigos originais, disponíveis na íntegra, publicados de 2010 a 2020, em qualquer idioma Resultados: como potencialidade, os profissionais sabem como detectar os sinais de parada cardiorrespiratória e realizar a sequência da reanimação cardiopulmonar do suporte básico de vida. Já como fragilidades, a maioria dos profissionais não sabe como realizar a relação compressão/ventilação do suporte avançado de vida, nem como identificar ritmos cardíacos ou fármacos utilizados. Conclusão: o conhecimento da equipe de enfermagem, referente a temática, encontra-se fragilizado e está relacionado à importância das capacitações nas instituições de saúde.
Descritores: Enfermagem; Conhecimento; Parada cardíaca; Reanimação cardiopulmonar
ABSTRACT
Objective: to describe the theoretical-practical knowledge of the nursing team regarding cardiopulmonary resuscitation in the hospital environment. Method: integrative review, performed in Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online and Nursing Database. Original articles, available in full, published from 2010 to 2020, in any language, were included. Results: as a potentiality, professionals know how to detect signs of cardiorespiratory arrest and perform the sequence of cardiopulmonary resuscitation from basic life support. As for weaknesses, most professionals do not know how to perform the compression/ventilation ratio of advanced life support, nor how to identify cardiac rhythms or drugs used. Conclusion: the nursing team's knowledge regarding the theme is fragile and is related to the importance of training in health institutions.
Descriptors: Nursing; Knowledge; Heart arrest; Cardiopulmonary resuscitation
RESUMEN
Objetivo: describir los conocimientos teórico-prácticos del equipo de enfermería sobre la reanimación cardiopulmonar en el ámbito hospitalario. Método: revisión integradora, realizada en Literatura Latinoamericana y del Caribe en Ciencias de la Salud, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online y Base de Datos de Enfermería. Se incluyeron artículos originales, disponibles íntegramente, publicados de 2010 a 2020, en cualquier idioma. Resultados: como potencialidad, los profesionales saben detectar signos de parada cardiorrespiratoria y realizar la secuencia de reanimación cardiopulmonar desde suporte vital básico. En cuanto a las debilidades, la mayoría de los profesionales no saben cómo realizar la relación compresión/ventilación del soporte vital avanzado, ni cómo identificar los ritmos cardíacos o los fármacos utilizados. Conclusión: el conocimiento del equipo de enfermería sobre el tema está debilitado y se relaciona con la importancia de la formación en las instituciones de salud.
Descriptores: Enfermería; Conocimiento; Paro cardíaco; Reanimación cardiopulmonar
INTRODUÇÃO
Anualmente, muitas vidas são perdidas no Brasil devido à Parada Cardiorrespiratória (PCR) e a eventos cardiovasculares em geral, com estimativa de 200.000 casos a cada ano, sendo metade deles em ambiente hospitalar.1 As taxas de sobrevida na alta hospitalar variam entre 9,5%, para casos de PCR extra-hospitalares, e 24,2%, para casos intra-hospitalares. Dos sobreviventes, de 40 a 50% permanecem com deficiências cognitivas e com déficits de desempenho intelectual.2
A PCR, em especial, requer dos profissionais decisão rápida e eficiente, além de boa competência técnica e de conhecimento científico.2 Isso porque a PCR pode ser definida como a ausência da condutividade elétrica cardíaca, reversível se atendida rapidamente, fatal caso não haja pronta intervenção, sendo confirmada pelos sinais de inconsciência, de apneia e de ausência de pulso central.3
À vista disso, segundo as diretrizes da American Heart Association (AHA), os minutos iniciais dessa emergência são decisivos para o Retorno da Circulação Espontânea (RCE), que terá início com as manobras do Suporte Básico de Vida (SBV) e será finalizada com o Suporte Avançado de Vida (SAV). Basicamente, o SBV compreende técnicas sequenciais de compressões torácicas, ventilação sem via aérea avançada e a utilização do Desfibrilador Externo Automático (DEA). Já o SAV engloba a inserção de via aérea avançada, a administração de medicamentos, a utilização de cardioversor manual e o tratamento da causa da PCR.3
Desse modo, o sucesso no atendimento à PCR depende de sua identificação precoce e de medidas de reanimação imediata prestada pela equipe de emergência.4 Entretanto, sabe-se que os profissionais de enfermagem normalmente são os primeiros a deparar-se com a PCR intra-hospitalar:5 são eles que iniciam as manobras, enquanto aguardam a chegada da equipe de SAV. Vale salientar, ainda, que o enfermeiro é fundamental na liderança de tarefas, pois a sintonia da equipe de enfermagem é primordial para que o atendimento seja realizado de forma rápida e segura.4-5
Os episódios de PCR são complexos e requerem dos profissionais da enfermagem conhecimento e agilidade, portanto é essencial que estes se mantenham atualizados quanto às diretrizes que padronizam o atendimento prestado às vítimas, pois se trata de uma situação de alta morbimortalidade, mesmo que em atendimento ideal.6
Contudo, durante a vida acadêmica desses profissionais os conteúdos das diretrizes curriculares têm sido ministrados de maneira superficial e limitada, não oferecendo subsídios e embasamento técnico-científico que garantam atuação em frente das ocorrências de intervenções relacionadas ao atendimento à PCR. Então, após sua imersão no mercado de trabalho, o profissional identifica a necessidade de estar capacitado pelo conhecimento teórico-prático para atuar durante as manobras de reanimação cardiopulmonar.7
Assim, as capacitações constantes, além de padronizar a assistência dentro e fora do ambiente hospitalar, refletem diretamente na qualidade do atendimento à vítima, por tratar-se de uma assistência efetiva e segura, minimizando sequelas, agravos e os óbitos associados a um desfecho desfavorável durante um atendimento a PCR.6
Diante do exposto, o presente estudo objetiva descrever o conhecimento teórico-prático da equipe de enfermagem referente à reanimação cardiopulmonar no âmbito intra-hospitalar.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão integrativa, a qual buscou evidências científicas a respeito do conhecimento da equipe de enfermagem intra-hospitalar quanto à reanimação cardiopulmonar.
Para a construção desta revisão, seguiram-se as seguintes etapas: 1) Confecção da questão de pesquisa; 2) Definição das bases de dados e de critérios para a inclusão e a exclusão de estudos; 3) Definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; 4) Análise dos achados; 5) Interpretação dos resultados; 6) Apresentação da síntese do conhecimento.8
Para a elaboração da pergunta de pesquisa, utilizou-se a estratégia População, Conceito e Contexto/resultado (PCC), sendo respectivamente Equipe de enfermagem intra-hospitalar; Conhecimento ou aprendizado; Atendimento à vítima de parada cardiorrespiratória. Por consequência, estruturou-se a seguinte questão de pesquisa: qual o conhecimento teórico-prático da equipe enfermagem intra-hospitalar referente à temática da reanimação cardiopulmonar?
A estratégia de busca ocorreu no dia 15 de abril de 2020, na base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); na Base de Dados de Enfermagem Brasileira (BDENF); e na Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), todas via Biblioteca Virtual em Saúde. Foram utilizados os Descritores de Ciências da Saúde (DeCS) integrados a operadores booleanos. Isso posto, seguem no Quadro 1, as estratégias utilizadas:
Quadro 1: Estratégias de busca nas bases de dados
Base de dados |
Estratégia de busca |
Resultados* |
MEDLINE |
Enfermagem AND Conhecimento AND Parada cardíaca OR Reanimação cardiopulmonar |
1 |
BDENF |
Enfermagem AND Conhecimento AND Parada cardíaca OR Reanimação cardiopulmonar |
38 |
LILACS |
Enfermagem AND Conhecimento AND Parada cardíaca OR Reanimação cardiopulmonar |
34 |
*houve 21 duplicidades entre as bases.
Fonte: elaborado pelos autores, 2020.
Para a seleção dos artigos durante a fase de triagem, adotaram-se como critérios de inclusão artigos originais e disponíveis na íntegra, aplicados em adultos ou em crianças no âmbito intra-hospitalar, publicados entre os anos de 2010 e 2020 e em qualquer idioma. Justifica-se esse recorte temporal pelo fato de as atualizações da AHA acontecerem a cada cinco anos, portanto a pesquisa abrange as duas últimas atualizações, ocorridas em 2010 e em 2015.
Para a extração dos dados, aplicou-se um instrumento elaborado pelos próprios autores, com o objetivo de auxiliar na leitura crítica/reflexiva, bem como na extração das informações publicada nos artigos. Dessa forma, os autores estruturaram um instrumento composto pelas seguintes informações: ano, título, critério de avaliação do conhecimento do profissional, potencialidades e fragilidades do conhecimento teórico-prático e conclusão de cada estudo.
Salienta-se que nas fases de triagem e de extração dos dados a leitura dos artigos deu-se de forma cega – por dois revisores independentes –, e quando houve discordância entre os avaliadores o artigo foi encaminhado para um terceiro avaliador, diminuindo, pois, o viés de pesquisa.
Este estudo seguiu as recomendações Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses (PRISMA),9 conforme ilustrado na Figura 1.
Figura 1: Fluxograma de busca e seleção dos artigos, Paraná, Brasil, 2020
Fonte: elaborado pelos autores a partir do Fluxograma PRISMA,9 2020.
Para a interpretação dos resultados e a apresentação da revisão, optou-se por discutir os achados a partir de avaliação crítica dos temas sobre a questão de pesquisa do estudo.
RESULTADOS
Após a leitura crítica dos artigos durante as fases de triagem e de extração dos dados, dos 73 artigos selecionados nas bases de dados, apenas 18 artigos10-27 vieram ao encontro da pergunta de pesquisa desta revisão. Assim, foi possível constatar que todos os 18 artigos foram desenvolvidos no Brasil10-27 e que 2017 foi o ano de publicação mais prevalente (n=4; 27,7%).12-15
Os resultados mostraram que 12 artigos (66,6%)10-21 avaliaram o conhecimento do profissional uma única vez, sem intervenção prática ou teórica, para posterior análise da retenção de conhecimento.
Já em seis artigos (33,3%) os autores optaram pela metodologia do tipo antes e depois, com o objetivo de analisar o conhecimento inicial e a retenção de conhecimento e/ou de habilidades após a intervenção. 22-27 Um artigo (5,5%) utilizou como intervenção a videoaula,22 quatro artigos (22,2%) utilizaram a simulação realística23-26 e um (5,5%) utilizou a capacitação teórica.27
Do total de artigos, apenas quatro (22,2%) utilizaram questionários teóricos já validados anteriormente.10-11,15,27 Nos demais,10,12-14,16-26 os próprios autores foram os responsáveis pela construção do questionário aplicado embasados em diretrizes já existentes.3
Para facilitar e conduzir uma melhor descrição dos estudos incluídos nesta revisão de literatura, estes serão apresentados segundo os seguintes critérios: ano de publicação, título do artigo, se o instrumento utilizado para a avaliação do conhecimento dos profissionais referente à parada cardiorrespiratória foi ou não validado anteriormente e se houve ou não a realização de uma intervenção teórica ou prática por parte dos pesquisadores (Quadro 2).
Quadro 2: Descrição dos estudos de acordo com ano, título, instrumento para avaliação do conhecimento e intervenção
Ano |
Título |
Instrumento para avaliação do conhecimento |
Intervenção |
2019 |
Conhecimento e atuação da equipe de enfermagem de um setor de urgência no evento parada cardiorrespiratória10 |
Instrumento validado |
Sem intervenção |
2019 |
Conduta da equipe de enfermagem na parada cardiorrespiratória em crianças11 |
Instrumento validado |
Sem intervenção |
2017 |
Parada cardiorrespiratória: conhecimento dos profissionais de enfermagem em uma unidade de terapia intensiva12 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Sem intervenção |
2017 |
Conhecimento dos enfermeiros sobre o novo protocolo de ressuscitação cardiopulmonar13 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Sem intervenção |
2017 |
Conhecimento da equipe de enfermagem do setor de hemodiálise sobre o atendimento a parada cardiorrespiratória14 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Sem intervenção |
2017 |
Conhecimento teórico da enfermagem sobre parada cardiorrespiratória e reanimação cardiocerebral em unidade de terapia intensiva15 |
Instrumento validado |
Sem intervenção |
2015 |
Parada cardiorrespiratória e manobras de ressuscitação na ótica de enfermeiros de um pronto socorro16 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Sem intervenção |
2014 |
Conhecimento sobre ressuscitação cardiopulmonar dos profissionais da saúde da emergência pediátrica17 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Sem intervenção |
2013 |
Conhecimento teórico dos enfermeiros de hospital público sobre reanimação cardiopulmonar18 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Sem intervenção |
2013 |
Parada cardiorrespiratória e enfermagem: o conhecimento acerca do suporte básico de vida19 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Sem intervenção |
2013 |
Suporte básico à vida em adultos: conhecimento dos enfermeiros sobre as diretrizes 2010-201520 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Sem intervenção |
2012 |
Assistência ao paciente em parada cardiorrespiratória em unidade de terapia intensiva21 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Sem intervenção |
2020 |
Ensino de ressuscitação cardiopulmonar por meio de videoaula22 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Intervenção com vídeo aula teórica |
2019 |
Avaliação de um curso para a capacitação dos profissionais da enfermagem na urgência e emergência23 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Intervenção com simulação clínica |
2019 |
Atualização de trabalhadores de enfermagem em suporte básico de vida24 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Intervenção com simulação clínica |
2016 |
Intervenção educativa sobre parada cardiorrespiratória intra-hospitalar: conhecimento dos profissionais de enfermagem de unidades médico-cirúrgicas25 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Intervenção com simulação clínica |
2013 |
Atuação do Time de Resposta Rápida no processo educativo de atendimento da parada cardiorrespiratória26 |
Instrumento não validado e construído pelo autor |
Intervenção com simulação clínica |
2010 |
Capacitação teórica do enfermeiro para o atendimento da parada cardiorrespiratória27 |
Instrumento validado
|
Intervenção teórico-prática |
Fonte: elaborado pelos autores, 2020.
No Quadro 3 estão descritas as potencialidades, as fragilidades e a conclusão de estudos que abordaram o conhecimento teórico-prático da equipe de enfermagem referente à temática de reanimação cardiopulmonar. Nesse sentido, destaca-se que os profissionais conseguem identificar os sinais de PCR10-12,14,16,18,19,21,24,27 e realizar a sequência correta do algoritmo do SBV.10-11,13-14,16-18,20,22,24-26 No entanto, não realizam corretamente a sequência compressão/ventilação após a instalação de via aérea definitiva,10-11,13-15,21,26,27 não identificam ritmos cardíacos10,12,14,15,18,19,26 e desconhecem o protocolo medicamentoso.12-14,18,21,25,27
Quadro 3: Potencialidades e fragilidades do conhecimento teórico-prático dos profissionais de enfermagem sobre a reanimação cardiopulmonar
ID* |
Potencialidades |
Fragilidades |
Conclusão |
10 |
Os profissionais sabem identificar os sinais de PCR e têm conhecimento sobre como realizar o algoritmo do SBV |
Os profissionais apresentam dificuldade em desenvolver o algoritmo do SAV; não sabem a relação compressão/ventilação com via aérea definitiva; não identificam os ritmos cardíacos |
Conhecimento insatisfatório; necessária a realização de capacitações periódicas |
11 |
Os profissionais sabem identificar os sinais de PCR e têm conhecimento sobre como realizar o algoritmo do SBV |
Os profissionais não instalam a monitorização multiparamétrica durante a RCP; apresentam dificuldade em Iniciar ventilação artificial com via aérea definitiva |
Conhecimento insatisfatório; necessária a realização de capacitações periódicas |
12 |
Os profissionais sabem identificar os sinais de PCR e realizar a compressão/ventilação com ou sem via aérea avançada |
Os profissionais reconhecem a via endovenosa como única opção para a administração de medicamentos; adrenalina como única droga de escolha; não identificam ritmos cardíacos |
Conhecimento satisfatório, mas indicado capacitações periódicas |
13 |
Os profissionais têm conhecimento sobre como realizar o algoritmo do SBV e como identificar os ritmos chocáveis da PCR |
Os profissionais não identificam os sinais de PCR; desconhecem as possíveis causas da PCR; não sabem a relação compressão/ventilação com via aérea definitiva; desconhecem a retirada de vasopressina do protocolo medicamentoso |
Conhecimento insatisfatório; necessária a realização de capacitações periódicas |
14 |
Os profissionais sabem identificar os sinais de PCR e têm conhecimento sobre a sequência do algoritmo do SBV |
Os profissionais desconhecem a velocidade e a profundidade correta das compressões torácicas; relação compressão/ventilação com via aérea definitiva; desconhecem o protocolo medicamentoso; não identificam ritmos cardíacos |
Conhecimento insatisfatório, justificado pela atualização recente de diretrizes; necessária a realização de capacitações periódicas |
15 |
Os profissionais sabem ligar o DEA, posicionar as pás e aplicar o choque |
Os profissionais não identificam os sinais de PCR; apresentam dificuldade com o algoritmo SBV; não sabem a relação compressão/ventilação com via aérea definitiva; reconhecem a via endovenosa como única opção para a administração de medicamentos; desconhecem os ritmos cardíacos e a descarga elétrica do DEA |
Conhecimento insatisfatório, justificado pela atualização recente de diretrizes; necessária a realização de capacitações periódicas |
16 |
Os profissionais sabem identificar os sinais de PCR; realizar o algoritmo do SBV; realizar a técnica de compressão/ventilação com via aérea avançada; identificar ritmos cardíacos |
Os profissionais desconhecem a velocidade e a profundidade correta das compressões torácicas |
Conhecimento satisfatório; necessária a realização de capacitações periódicas |
17 |
Os profissionais sabem identificar as causas de PCR na infância; realizar a sequência correta do algoritmo do SBV; administrar adrenalina como primeira droga; |
Os profissionais não determinam os sinais de PCR; desconhecem a velocidade e a profundidade correta das compressões torácicas |
Conhecimento insatisfatório; necessária a realização de capacitações periódicas |
18 |
Os profissionais sabem identificar os sinais de PCR e realizar a sequência correta do algoritmo do SBV |
Os profissionais apresentam dificuldade em desenvolver o algoritmo do SAV; desconhecem o protocolo medicamentoso; não identificam ritmos cardíacos |
Conhecimento satisfatório no SBV e insatisfatório no SAV; necessária a realização de capacitações periódicas |
19 |
Os profissionais sabem identificar os sinais de PCR; realizar a sequência correta do algoritmo do SBV com a utilização do DEA |
Poucos profissionais acertam o local para a aplicação das pás e a carga elétrica do DEA; não referem corretamente iniciar as compressões torácicas após o choque; não identificam ritmos cardíacos |
Conhecimento insatisfatório; necessária a realização de capacitações periódicas |
20 |
Os profissionais sabem realizar a sequência correta do algoritmo do SBV |
Os profissionais desconhecem o elo da cadeia de sobrevivência da RCP; não aplicam a velocidade e a profundidade correta das compressões torácicas; não sabem utilizar DEA ou a sua descarga elétrica |
Conhecimento insatisfatório; necessária a realização de capacitações periódicas |
21 |
Os profissionais sabem identificar os sinais de PCR e identificar ritmos cardíacos |
Os profissionais não sabem a velocidade e a profundidade correta das compressões torácicas; desconhecem a compressão/ventilação com via aérea definitiva; as opções de vias para administração dos fármacos e o protocolo medicamentoso |
Conhecimento insatisfatório; necessária a realização de capacitações periódicas |
22 |
Os profissionais sabem aplicar corretamente a profundidade e a velocidade das compressões torácicas; sincronizar a compressão/ventilação no SBV e posicionar as pás do DEA |
Os profissionais não determinam os sinais de PCR; apresentam dificuldade no manejo da bolsa-valva-máscara; não sabem a sequência exata para a utilização do DEA |
Conhecimento insatisfatório; necessária a realização de capacitações periódicas |
23 |
Apenas as fragilidades foram descritas pelos autores |
Os profissionais não determinam os sinais de PCR e não realizam a sequência correta proposta pelo SBV |
Conhecimento inicial insatisfatório, com aumento de acertos logo após a intervenção e decréscimo ao longo dos meses |
24 |
Os profissionais sabem identificar os sinais de PCR; e sincronizar a compressão/ventilação no SBV |
Os profissionais não sabem a sequência correta do método mnemônico C-A-B |
Conhecimento inicial insatisfatório, com aumento de acertos logo após a intervenção |
25 |
Os profissionais sabem sincronizar a compressão/ventilação no SBV e posicionar as mãos durante as compressões torácicas |
Os profissionais não determinam os sinais de PCR; desconhecem as opções de vias para a administração dos fármacos e o protocolo medicamentoso |
Conhecimento inicial insatisfatório, com aumento de acertos logo após a intervenção |
26 |
Os profissionais sabem sincronizar a compressão/ventilação no SBV |
Os profissionais não conhecem as possíveis causas da PCR; não realizam corretamente a compressão/ventilação com via aérea definitiva; não identificam ritmos cardíacos |
Conhecimento inicial insatisfatório, com aumento de acertos logo após a intervenção |
27 |
Os profissionais sabem identificar os sinais de PCR e a descarga inicial do desfibrilador manual
|
Os profissionais não realizam corretamente a relação compressão/ventilação no SBV e no SAV com via aérea definitiva; desconhecem o protocolo medicamentoso |
Conhecimento inicial insatisfatório, com aumento de acertos após uma semana de intervenção e decréscimo após três meses |
*ID: identificação conforme ordem de citação no texto.
Fonte: elaborado pelos autores, 2020
Dos 18 estudos, 1610-11,13-15,17-27 concluem como insatisfatório o conhecimento teórico-prático da equipe de enfermagem, no entanto, todos os estudos10-27 concordam e ressaltam a importância da capacitação permanente para a classe profissional.
DISCUSSÃO
O conhecimento técnico-científico é o alicerce de qualquer categoria profissional e, à proporção que é fundamentado, acrescenta na construção de uma trajetória qualificada. A capacitação continuada e seus diferentes métodos de ensino-aprendizagem proporcionam esse conhecimento à equipe de enfermagem, cuja finalidade é aperfeiçoar o raciocínio crítico, as condutas e a prática de seu ambiente de trabalho por meio de atualizações constantes sobre determinada temática.29
Observa-se que, apesar de todos os estudos10-27 selecionados para esta revisão, ficou evidente a necessidade de que as instituições de saúde capacitem seus profissionais para o atendimento às vítimas de PCR. Apenas seis estudos, 22-27 ao identificarem tamanha fragilidade do conhecimento profissional, realizaram diferentes métodos de intervenção, a fim de propiciar melhora no desempenho teórico-prático dos participantes.
Videoaula teórica,22 simulação clínica23-26 e palestra com demonstração teórico-prática27 foram os métodos utilizados pelos pesquisadores. Para os procedimentos da simulação clínica e da palestra teórico-prática, foi avaliado o conhecimento antes e após a intervenção, obtendo-se resultados satisfatórios logo após a intervenção. Todavia, ressalta-se que após três e/ou seis meses o índice de respostas corretas diminuiu, ficando próximas aos acertos vistos antes da intervenção. A partir daí, é reforçada a necessidade de aprimoramento havendo a recomendação quanto a regularidade desse processo.28
É crucial frisar, também, que nem toda intervenção é satisfatória, pois o estudo22 que utilizou a videoaula como método de capacitação não encontrou melhora no conhecimento dos profissionais após a intervenção. Sendo assim, alerta-se que a técnica não pode ser considerada efetiva quando a temática for PCR/RCP.
Nesse sentido, compreende-se que a PCR é uma emergência clínica que demanda dos profissionais de enfermagem conhecimento científico ágil e específico, além de habilidade prática e organizada para identificar imediatamente os sinais clínicos da PCR e iniciar com manobras de RCP de qualidade.10
Por meio deste estudo, foi possível identificar que o conhecimento teórico-prático da equipe de enfermagem no âmbito intra-hospitalar é um desafio para as instituições, visto que, após análise dos artigos selecionados, notaram-se potencialidades e fragilidades em comum enfrentadas por essa classe profissional.
A maioria dos estudos encontrou potencial nas respostas quando avaliado o reconhecimento dos sinais clínicos para a detecção da PCR,10-12,14,16,18-19,21,24,27 que, segundo as diretrizes da AHA, do ano de 2015, são: inconsciência, ausência de respiração e pulso central.3 Compreende-se que é indispensável apresentar segurança e rapidez para a identificação precoce dessa emergência clínica.2
No tocante à conduta imediata com manobras do SBV após o reconhecimento da PCR, grande parte dos enfermeiros e dos técnicos de enfermagem dos estudos responderam realizar corretamente.10-14,16-20,22,24-26 Para esclarecer, no SBV, a ventilação deverá ser realizada manualmente com bolsa-valva-máscara e oxigênio suplementar, na relação duas ventilações após 30 compressões, sendo cada ventilação administrada em um segundo, provocando a elevação do tórax.3
Ainda, como potencialidade encontrada dentre os estudos,15,22 expõem-se que os profissionais sabem como ligar e como posicionar as pás do DEA, entretanto a equipe mostrou fragilidade acerca do momento exato para a utilização do aparelho durante a sequência de manobras22-23 e da descarga elétrica aplicada pelo desfibrilador.15,19,20 O achado se torna preocupante, pois, como enfatizado pela AHA,3 a desfibrilação deve ser aplicada precocemente, assim que o DEA estiver disponível, o que, em paralelo com manobras de RCP de alta qualidade, tanto no SBV quanto no SAV, será a “chave” para o retorno da RCE.28
A enfermagem participa ativamente tanto do SBV como do SAV.29 Quando iniciado o SAV, atribui-se a presença do profissional médico em cena, desse modo, a equipe de emergência deverá garantir acesso venoso periférico e administração de fármacos, optar pelo uso de desfibrilador manual, pela leitura e pela monitorização de ritmo cardíaco, instalar via aérea definitiva e dar continuidade com compressões e com ventilações já iniciadas anteriormente.3
Diferentemente do conhecimento sobre manobras do SBV, no SAV, foram encontradas diferentes fragilidades no âmbito da sequência de suas ações. Em oito estudos os profissionais desconhecem a relação compressão/ventilação quando a vítima já se apresenta com via aérea avançada definida.10-11,13-15,21,26,27 De acordo com o algoritmo AHA,3 após instalação de via aérea, deverá ser ofertada uma ventilação a cada cinco ou seis segundos, em paralelo às compressões torácicas, que devem ser contínuas.
Ainda assim, quanto às compressões torácicas, que devem ser aplicadas em velocidade de 100 a 120 compressões por minuto e com profundidade de no mínimo cinco centímetros,3 verificou-se desatualização, com baixo percentual de respostas corretas.14,16-17,20-21 A justificativa encontrada na literatura para tal fragilidade se dá pelo fato de as atualizações de Guidelines que abordam a temática ocorrerem a cada cinco anos, logo os profissionais demoram a ser atualizados por protocolos recentes.14-17,19,21,29
Em outros estudos, enfermeiros demonstraram dificuldade em identificar os possíveis ritmos cardíacos encontrados na PCR.10,12,14-15,18-19,26 Essa fragilidade torna-se significativa, pois a leitura do ritmo direciona ou não a necessidade de choque, além de estar intimamente ligada à sequência dos fármacos a serem administrados.5
Dando continuidade às fragilidades encontradas, quando avaliado o conhecimento sobre os fármacos utilizados para a reversão da PCR, foram localizadas respostas desatualizadas e incoerentes por parte dos profissionais,12-14,18,21,25-27 sinalizando o desconhecimento do protocolo medicamentoso. A AHA3 deixa claro que a primeira droga a ser administrada durante a RCP é a epinefrina, porém, se reconhecido ritmo chocável, a amiodarona deve ser utilizada em sincronia com a adrenalina.
Sendo assim, dos 18 estudos selecionados para esta revisão, 16 revelaram similaridade em sua conclusão10-11,13-15,17-27 ao evidenciarem como insatisfatório o conhecimento teórico-prático da equipe de enfermagem intra-hospitalar referente à temática PCR/RCP.
Em consonância, todos os estudos10-27 expressaram a imprescindibilidade de capacitações continuadas ou permanentes a respeito desse atendimento de tamanho importância dentro das unidades hospitalares para que se possibilite uma atuação de qualidade, sendo reconhecidas por estes como uma necessidade singular de aprimoramento do conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As frequentes atualizações no conhecimento da área de saúde são primordiais, à medida que a assistência de qualidade exige da equipe de enfermagem a capacitação e a qualificação constante para prestar um atendimento de excelência. Dessa forma, o estudo mostrou que o conhecimento da equipe de enfermagem intra-hospitalar referente à temática da reanimação cardiopulmonar encontra-se fragilizado e insatisfatório, podendo, por conseguinte, influenciar na qualidade da assistência prestada e na sobrevida da vítima nessa situação.
Aponta-se como limitação do estudo a não amplitude na seleção de descritores e de bases de dados, além disso, não foi avaliado, aqui, se o tempo decorrido entre a publicação das diretrizes atualizadas e a aplicação do questionário teria impacto pertinente no conhecimento dos profissionais, uma vez que eles teriam um maior tempo para atualizarem-se.
Sublinha-se a relevância de capacitações periódicas, visando melhorar a atuação da equipe de enfermagem em seus saberes técnicos e científicos relacionados ao SBV e ao SAV, segundo diretrizes da AHA, a fim de proporcionar melhor sobrevida às vítimas.
Sugere-se a implementação de disciplinas durante a vida acadêmica da enfermagem com imersão teórico-prática, mas próxima da realidade vivenciada pela equipe já inserida no mercado de trabalho.
REFERÊNCIAS
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Recebido em: 12/03/2021
Aceito em: 14/09/2021
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[2] Universidade Estadual de Londrina (UEL). Londrina, Paraná (PR). Brasil (BR). E-mail: priscilaalvimlima@gmail.com ORCID: 0000-0001-9617-6251
[3] Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). Bandeirantes, Paraná (PR). Brasil (BR). E-mail: scholze@uenp.edu.br ORCID: 0000-0003-4045-3584
Como citar: Oliveira TMN, Lima PA, Scholze AR. Conhecimento teórico-prático da equipe de enfermagem referente à reanimação cardiopulmonar no âmbito intra-hospitalar. J. nurs. health. 2021;11(3):e2111320808. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/view/20808
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