Promovendo melhor adesão às atividades educativas no pré-natal: relato de experiência
Promoting better adherence to education activities in prenatal care: experience report
Promoción de mejor adherencia a las actividades educativas en la atención prenatal: informe de experiencia
Machado, Daniela Aline[1]; Sousa, Rayhany Kelly de[2]; Santos, Daiane dos[3]; Giorgi, Maria Denise Mesadri[4]
RESUMO
Objetivo: relatar a experiência de uma intervenção realizada em uma Unidade Básica de Saúde frente a baixa adesão a um grupo de educação em saúde com gestantes. Método: relato de experiência ocorrido durante um estágio curricular da graduação em enfermagem, utilizando o Diagrama da Árvore para identificar os problemas da unidade básica de saúde. A experiência procedeu entre agosto e novembro de 2019. Resultados: identificou-se que havia falta de conhecimento sobre a existência do grupo e a falta de interesse de algumas gestantes em participar. Com a intervenção, obteve-se resultado positivo frente a adesão das gestantes às atividades, principalmente perante as estratégias utilizadas na educação em Saúde sobre cuidados com o recém-nascido, na elaboração de estúdio fotográfico e na ‘ecografia ecológica’. Conclusões: é necessário haver na Estratégia de Saúde da Família uma busca ativa eficiente, fortalecendo o vínculo entre equipe/usuário, principalmente durante o período gravídico.
Descritores: Atenção primária à saúde; Estratégia saúde da família; Educação em saúde; Cuidado pré-natal
ABSTRACT
Objective: to report the experience of an intervention in a Basic Health Unit facing low adherence to a health education group with pregnant women. Method: experience report regarding the Undergraduate Curricular Nursing Internship. The Tree Diagram was used in order to identify the problems of the Basic Health Unit. The experience proceeded from August to November of 2019. Results: it was identified the lack of knowledge about the group's existence and lack of interest in participating. With the intervention, a positive result was obtained regarding the adhesion of pregnant women to the activities, especially in view of the strategies used in health education on care for the newborn, in the development of a photographic studio and in ‘ecological ultrasound’. Conclusions: it is necessary to have an efficient active search in the Family Health Strategy, strengthening the bond between the team/user, especially during the pregnancy period.
Descriptors: Primary health care; Family heath strategy; Health education; Prenatal care
RESUMEN
Objetivo: relatar la experiencia de una intervención realizada en una Unidad Básica de Salud ante la baja adherencia a un grupo de educación en salud con gestantes. Método: informe de experiencia que se llevó a cabo durante una pasantía curricular de pregrado en enfermería, utilizando el diagrama de árbol para identificar problemas en la Unidad. La experiencia se desarrolló entre agosto y noviembre de 2019. Resultados: se identificó desconocimiento sobre el grupo y desinterés de algunas gestantes por participar. La adherencia de las gestantes a las actividades fue positiva, especialmente a la vista de las estrategias utilizadas en Educación para la salud en el cuidado del recién nacido, en el desarrollo de un estudio fotográfico y en ‘ecografía ecológica’. Conclusiones: es necesario tener una búsqueda activa eficiente en la Estrategia de Salud Familiar, fortalecimiento el vínculo entre el equipo / usuario, especialmente durante el período de embarazo.
Descriptores: Atención Primaria de Salud; Estrategia de Salud Familiar; Educación en salud; Atención prenatal
INTRODUÇÃO
Sabemos que a maternidade é um desafio para mulher, em que a mesma assume responsabilidades, encara medos, inseguranças e consequentemente, surgem dúvidas frente todo o processo gravídico, decorrente as modificações corporais e emocionais, bem como a necessidade de planejar-se para receber um novo membro na família.¹
A mulher que está gestando, necessita de cuidados necessários para que o processo de desenvolvimento da gestação possa acontecer de forma saudável, este processo é permeado por uma rede de apoio, em que incluem os profissionais da saúde, em que realizam atividades de educação com o objetivo de cuidar da mulher e da sua família, tornando esse momento enriquecedor e fortalecendo-a como cidadã.2
Logo, destaca-se o apoio dos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS), com a Estratégia de Saúde da Família (ESF), visto que é a porta de entrada para o usuário no Sistema Único de Saúde (SUS) e todos os seus programas, dentre eles, toda a assistência para a gestante e seu bebê. A ESF é responsável pela promoção, prevenção, tratamento e recuperação à saúde, tendo como um dos determinantes o acompanhamento das gestantes durante o pré-natal, facilitando seu acesso ao serviço de saúde e a partir disso, criar vínculo com a mulher para melhor desenvolver o cuidado da mãe e seu bebê, de acordo com as necessidades encontradas durante o pré-natal.3
No Brasil, no ano de 2011 foi instituído a Rede Cegonha em que visa contribuir para a redução da morbimortalidade materna e infantil, objetiva-se estruturar e organizar os serviços de saúde como uma rede de atenção relacionado ao pré-natal, o parto e nascimento, o vinculado ao puerpério e à atenção à saúde integral da criança e o vinculado ao sistema logístico.4
Além disso, os trabalhos realizados em grupo, fazem com que as gestantes tenham maior abertura e facilidade para dividir suas dúvidas e seus medos, pois, sentem-se acolhidas ao realizar a interação entre elas, visto que estão passando pelo mesmo período de suas vidas, beneficiando assim, a sua expressão e contexto biopsicossocial/psicoemocional. Para tanto, este movimento em grupo serve para evidenciar o conhecimento interpessoal durante este processo, a fim de que a promoção em saúde seja realizada de forma a favorecer o público-alvo, que são as gestantes.5
A literatura sugere que o grupo deve ser dirigido por profissionais da saúde que possuam contato com essas gestantes, para que assim, haja reflexão sobre questões de saúde, instigando mudanças e adesão quanto aos problemas que estão relacionados ao conjunto saúde-doença, sendo assim, um atendimento voltado para as necessidades específicas de cada uma delas, seus parceiros e envolvidos. Visto que, mesmo tendo vidas distintas, existem alguns interesses em comum entre as participantes e vinculá-las, permite que reflexões sejam realizadas a respeito de suas experiências passadas, dúvidas, fazendo com que a troca de conhecimento seja rica entre ambas e assim, as limitações sejam superadas.6
Muitas vezes, a falta de interesse em juntar-se a um grupo educativo, tem início no desapontamento do laço criado entre profissional/gestante no atendimento realizado, pois, há falta de diálogo e o foco apenas em assuntos direcionados como por exemplo, a solicitação de exames, sendo esquecida a integralidade do cuidado, que envolve as dúvidas e anseios dessa gestante.7
A partir disto, as instruções e recomendações, ainda tem se apresentado insuficientes no quesito gestação, sem o sanar das dúvidas e sem compartilhamentos de experiências, sendo este muito relevante, pois a troca de conhecimentos entre gestantes com experiências de vida semelhantes, gera engajamento no grupo, bem como a autonomia materna. Um estudo realizado no Ceará, apontou que apenas 17% das gestantes, participaram de práticas educativas em grupo; vemos assim, a importância da equipe multidisciplinar em saúde na realização de atividades educativas em grupo que busquem a integralidade do cuidado neste período tão importante na vida de uma mulher.7
Neste âmbito, a falta de comunicação e orientação adequadas, tornam-se lacunas que poderiam fazer a diferença no empoderamento materno, o que levaria a um caminho de boa gestação e consequentemente, parto e puerpério. Logo, frisamos a relevância dos compartilhamentos em grupo para que assim, as gestantes sintam que podem se expressar de forma a serem compreendidas e acolhidas, o que gera melhores desfechos durante seu pré-natal.8
Frente a isto, o presente relato de experiência tem como objetivo relatar a experiência de uma intervenção realizada em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) frente a baixa adesão a um grupo de educação em saúde com gestantes.
MÉTODO
Trata-se de um relato de experiência. A vivência se deu durante a disciplina do Estágio Curricular Supervisionado (ECS) do 9º período do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), como parte do projeto de atuação do estágio em que se tinha como intuito intervir nos problemas existentes nos serviços de saúde, sendo, em uma UBS da Foz do Rio Itajaí Açú.
O Cenário de Estudo foi o grupo de gestantes de uma UBS da Foz do Rio Itajaí Açú que se encontrava sem adesão das participantes, no qual, faziam parte as 25 gestantes cadastradas na UBS e seus acompanhantes. A experiência teve início no dia 14/08/2019, ou seja, com o início das atividades no ECS no respectivo período e se findou em 14/11/2019.
Para que a atividade pudesse ser desenvolvida, inicialmente foi necessário conhecer a realidade da UBS, a população atendida e a partir de uma conversa com a enfermeira da unidade, foi explanado os problemas existentes na unidade, além disso, contou-se com um período observacional de duas semanas para que as acadêmicas pudessem estar prestando assistência e investigando os possíveis problemas existentes na unidade. Assim, foi desenvolvido o Diagrama de Árvore em que foi utilizado como instrumento para coleta de dados.
O Diagrama de Árvore é uma ferramenta que parte de uma técnica no qual, é possível visualizar as causas e consequências de um determinado problema, obtendo-se uma visão ampla e geral do mesmo, para que o projeto possa ser esmiuçado de forma a compreender todo o contexto em que o problema está inserido. Este diagrama contribui na identificação de possíveis causas e consequências, que levam a este problema central inicial; lembrando que o problema deverá sempre ser bem definido, para que não haja o surgimento de muitas causas, complicando o processo de soluções adequadas. Assim, a árvore tem de estar disposta da seguinte maneira: o problema central é o tronco, as causas são as raízes e as possíveis consequências são os galhos e as folhas.9
O presente Relato de Experiência não foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa, mas foram respeitadas as exigências éticas acerca dos dados coletados no desenvolvimento deste artigo, conforme Resolução nº 466/12 e 510/2016 do CONEP. As imagens registradas no dia da atividade de educação em saúde foram autorizadas pelas gestantes.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da coleta de dados por meio do Diagrama da Árvore, foram elencadas sete causas através do período observacional, durante a assistência prestada aos pacientes e interação da equipe, sendo: horário de atendimento da UBS; falta de priorização do pré-natal; falta de informação; falta de interesse; déficit no vínculo unidade/paciente; pacientes usuárias de serviço privado e; busca ativa. Abaixo, na figura 1 está destacado o referido diagrama.
Figura 1: diagrama de Árvore - a falta de adesão ao grupo de gestante da UBS.
Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.
A Imagem utilizada para compor a figura é proveniente do seguinte endereço eletrônico: https://br.freepik.com/vetores/arvore">Árvore
A partir disto, das sete causas encontradas, foram utilizadas duas grandes causas para a construção do planejamento através de uma matriz de intervenção, no qual, foram: horário de atendimento da UBS e falta de informação. Destas duas grandes causas, surgiram as seguintes ações a serem realizadas: verificar o quantitativo de gestantes no território de abrangência e a temática a ser trabalhada; convidar as gestantes para participar do grupo; integrar ao grupo a realização da ‘ecografia ecológica’; planejar uma educação em saúde no qual o foi denominado “Café da Tarde das Gestantes” e por fim; o feedback.
Importante ressaltar que se mediou ao estudo e aprendizado da ‘ecografia ecológica’ que essa possui várias intitulações, como: pintura do bebê na barriga ou pintura do ventre materno, e é considerada uma arte que retrata a imagem do bebê e outros componentes que fazem parte da gestação, promovendo sensações agradáveis nas gestantes mediante a confecção. É fundamental a atuação da enfermagem em novas práticas, saindo um pouco das práticas convencionais, proporcionando novas experiências para as gestantes e fortalecendo vínculos.10
Para compreensão do problema encontrado, foi solicitado à enfermeira uma relação das gestantes cadastradas no território e para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) o endereço de cada uma delas para realizar uma Visita Domiciliar (VD), com o objetivo de divulgar o grupo. Como também, acordado uma data com todos os membros da equipe para colaborar e participar do processo.
As estratégias utilizadas pelas autoras para instigar a participação no grupo, foi realizar busca ativa das gestantes no território, primeiramente, com o propósito de compreender a problemática e identificar a temática de interesse das gestantes. Este também foi mediado pelos demais profissionais da equipe a fim de realizar um levantamento das necessidades encontradas.
Para divulgação, foi confeccionado um convite (Figura 2) com o nome de cada gestante para serem entregues durante as VD, bem como por meio do grupo em um aplicativo de mensagens instantâneas.
Figura 2: convite encaminhado para as gestantes para participação do grupo de gestantes.
Fonte: elaborado pelas autoras, 2019.
Logo, foi iniciado às VD de todas as gestantes cadastradas, utilizando um roteiro pré-elaborado para abordagem das gestantes, sendo: apresentação das acadêmicas, identificar o estado clínico e geral da paciente, importância das orientações e do acompanhamento pela ESF, sobre a participação de algum grupo de gestantes, conhecimento do grupo de gestante existente na UBS e por fim, convite para participação do mesmo. Àquelas que se encontravam ausentes no domicílio, foram entregues os convites na caixa de correspondência e solicitado aos membros da equipe o apoio em reforçar o convite pessoalmente e pelas redes sociais.
Neste processo, foram realizadas as VD de todas as gestantes cadastradas, com um total de 25, sendo que destas 21 consultavam-se na UBS e as outras 4 consultavam no setor privado. Através da busca ativa realizada, foram visitadas pessoalmente pelas acadêmicas um total de 8 gestantes, devido à ausência na residência pelas outras 13. Dessas 8 gestantes visitadas, apenas 1 gestante tinha conhecimento da existência do grupo.
Logo, identifica-se que as gestantes não tinham o conhecimento do grupo, sendo que muitas delas residiam próximas à UBS (uma delas ao lado da UBS). Sendo assim, este papel foi fundamental para que estas reconhecessem a importância da participação no grupo para que se mantivessem ativas.
As gestantes se mostraram interessadas em participar do grupo, aproveitou-se esse momento para identificar as temáticas que poderiam ser trabalhadas nesse encontro de forma que pudessem sanar suas principais dúvidas. Nesse processo foi identificado a necessidade de abordar sobre os cuidados com a pele, banho, coto umbilical, higienização bucal e amamentação.
Com isto, vale ressaltar que a Educação em Saúde capacita o indivíduo no individual ou no coletivo, para obter resultados e alcançar o bem-estar de um determinado grupo, sendo fundamental na promoção à saúde, fazendo com que estes possuam maior autonomia, visando a qualidade de vida e valorizando o saber. Relacionado ao período gestacional, capacita e auxilia as mulheres para tomada de decisão, oportuniza a construção do saber, estimula a autoestima, encoraja a participação do companheiro no período gestacional, pós-parto e puerpério, promovendo assim, a saúde. Também, contribui na prevenção e no tratamento de distúrbios que possam ocorrer durante a gravidez e no pós-parto, tendo então, desfechos obstétricos e perinatais positivos.7-11
Durante esse processo, foi integrado o aprendizado das acadêmicas na realização da ‘ecografia ecológica’, no qual alguns membros da UBS conheciam a prática e se dispuseram a ajudar. Reconhecida como uma prática que promove a experiência de conexão com o feto e o fortalecimento das relações entre mãe e filho. Também foi elaborado um estúdio de fotos em um consultório da UBS, para registrar este momento importante. Considerado uma ferramenta para a prática de enfermagem, pois lida com a relação de sentimentos, promove a autoestima e a interação prazerosa da mulher com o bebê.12
No dia da atividade de educação em saúde, compareceram seis gestantes e, ainda, três familiares juntamente com elas. Logo, foi considerado um número surpreendente para a equipe, pois conforme os registros e relatos dos profissionais, nos encontros anteriores a média de presença era de uma a duas gestantes. Outro ponto importante, é que dessas apenas 2 gestantes no qual compareceu na VD se fazia presente, logo, consideramos como a articulação com a equipe e a entrega do convite na caixa de correspondência como relevante forma de divulgação. Considerando assim, como atingido os objetivos almejados pela presente equipe.
Como programado, foi realizado um café saudável no final do encontro, com água saborizada com laranja, maçã e limão, café sem açúcar, bolo integral, frutas e torradas. Logo após, foi mediado um ambiente para registro de fotografias das gestantes e de seus familiares, sendo esse, promovido visando o fortalecimento do vínculo e da valorização desse momento tão importante na vida da mulher. Após o café, foi realizada a ‘ecografia ecológica’, (Figura 3).
Figura 3: atividade da ‘ecografia ecológica’ realizado pelas discentes.
Fonte: arquivo fotográfico das autoras, 2019.
A educação em saúde teve uma boa aceitação das participantes, estas consideraram o assunto como pertinente, logo as gestantes que compareceram, todas, exceto uma, encontrava-se no último trimestre e era multigesta.
Foi acordado que a entrega das fotos iria ser realizada apenas no próximo encontro, sendo uma estratégia para que elas comparecessem novamente à atividade. Porém, decorrente a ansiedade dessas e de seus familiares, foi solicitado de forma antecipada no grupo do aplicativo de mensagens instantâneas. Mesmo assim, foram reveladas com a autorização dos participantes em duas cópias, sendo uma para exposição na UBS por meio de um mural confeccionado pelas acadêmicas “Grupo de gestantes”, com o intuito de despertar a participação, bem como salientar a população a existência deste grupo na UBS. Este mural foi fixado na sala de espera dos consultórios do médico e da enfermagem, com o seguinte convite: "Venha participar você também” e “Procure um profissional para se informar do próximo encontro”, para que pudesse aproximar as gestantes dos profissionais após o término do estágio.
Portanto, as autoras finalizaram suas atividades com o grupo no dia 14/11/2019, como já descrito anteriormente, porém, foi acordado com a equipe da UBS para que eles dessem continuidade a partir do incentivo das fotos reveladas nos seus retornos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência de intervir nas ações educativas de uma Unidade Básica de Saúde, no caso o grupo de gestantes, permite reflexões acerca de tantas atribuições das equipes da ESF, em que exercem o papel de líder e prestador do cuidado de uma população adscrita, denota-se o aumento das atividades burocráticas no sentido de coordenar a equipe e mediar indicadores de saúde. Entretanto, a assistência a esta população da ESF é primordial, bem como a compreensão do seu processo de saúde-doença, no que tange durante uma visita domiciliar, no qual permite a compreensão dos aspectos biopsicossocial do indivíduo.
A partir da experiência vivenciada com a intervenção realizada frente a baixa adesão a um grupo de educação em saúde com gestantes, é possível observar como faz grande diferença quando se tem o vínculo de UBS/usuários, profissionais/usuários, pois, é através disto, que os problemas da saúde da comunidade serão investigados e assim, serão realizados planejamentos conforme as necessidades da comunidade para a resolução destes. E é por isto, que este relato de experiência teve como enfoque a falta de adesão do grupo de gestantes de uma UBS da Foz do Rio Itajaí Açú, pois, esta era uma das adversidades encontradas no campo, no qual, foi necessária uma investigação para que as ações planejadas pudessem ter sido colocadas em prática.
Com isso, nota-se como os grupos de educação em saúde são de fundamental importância dentro da APS, pois é a porta de entrada do sistema de saúde e muitas vezes, não consegue cumprir com este papel, pois o usuário não se sente acolhido para dividir as suas dúvidas do cotidiano de sua saúde, como estava acontecendo com o grupo de gestantes do presente estudo. A falta de vínculo e de diálogo, acarretou em um grupo de gestantes pouco ativo, no qual, a partir do momento em que criou-se uma maior ligação das autoras com a comunidade através de busca ativa e diálogo, o resultado positivo surgiu no dia do encontro do grupo, pois, houve a presença de um número maior de gestantes no grupo, bem como, o tema escolhido foi de grande relevância para todas que estavam presentes, devido ter sido previamente solicitado por elas mesmas durante as VD, isso gerou grande debate e troca de experiência no momento da educação em saúde.
Quanto às facilidades no processo de desenvolvimento da intervenção realizada no grupo, podemos citar a disponibilidade dos profissionais com as informações necessárias para que pudéssemos dar início em todas as atividades (desde o diálogo com a enfermeira sobre os principais problemas que poderiam ser abordados como tema para uma educação em saúde, até mesmo com toda a equipe de ACS destacando quem seriam as gestantes e seus endereços para visita); o diálogo realizado com as gestantes em VD para escolher o tema proposto no dia do encontro para torná-lo atrativo; e também, o encaixe da data do encontro no mesmo dia de consultas de pré-natal para agrupar mais participantes.
Quanto às dificuldades observadas, um dos pontos principais a serem abordados foi em relação à resistência da equipe frente a realização das atividades, pois, eles afirmavam que as gestantes não tinham interesse em participar, sendo que a maioria delas, não obtinha nem o conhecimento da existência do grupo. Nesta mesma linha, quanto aos profissionais, podemos destacar também a falta de vínculo da equipe da UBS para com as gestantes decorrente aos fatores empregatícios das gestantes e quanto à falta de diálogo para fortalecer o conhecimento do grupo, pois, se no momento de visita domiciliar a gestante não estiver em casa, algum familiar que esteja poderia repassar as informações para a mesma.
Também, podemos salientar, mesmo que ocorrido com uma porcentagem pequena das participantes, houve uma recusa quanto à participação no dia das atividades. Um exemplo disto foi que, na data marcada, algumas delas iriam à consulta de pré-natal e duas delas, mesmo aguardando para serem atendidas, não quiseram participar da ação realizada.
Sugere-se para que as equipes possam articular dentro das suas possibilidades momentos como esse, para que possa estimular e melhorar a adesão das práticas educativas como o grupo de gestante.
Assim, destaca-se que o trabalho da equipe em saúde da UBS, exige paciência, força de vontade, conhecimento e inovação, para promover saúde e bem-estar.
REFERÊNCIAS
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Recebido em: 28/01/2021
Aceito em: 13/09/2021
[1] Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Itajaí, Santa Catarina (SC). Brasil (R). E-mail: danialine97@gmail.com ORCID: 0000-0002-2013-7237
[2] Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Itajaí, Santa Catarina (SC). Brasil (R). E-mail: rhhks@outlook.com ORCID: 0000-0002-0288-8192
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[4] Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI). Itajaí, Santa Catarina (SC). Brasil (R). E-mail: denisemesadri@univali.br ORCID: 0000-0001-9998-9151
Como citar: Machado DA, Sousa RK, Santos D, Giorgi MDM. Promovendo melhor adesão às atividades educativas no pré-natal: relato de experiência. J. nurs. health. 2021;11(4):e2111419311. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/view/19311
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