Gomes MP, Barbosa DJ, Gomes AMT, Souza FBA, Paula GS, Espírito Santo, CC. Perfil dos profissionais de enfermagem que estão atuando durante a pandemia do novo Coronavírus. J. nurs. health. 2020;10(n.esp.):e20104026

https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/enfermagem/article/view/18921

ARTIGO ORIGINAL

Perfil dos profissionais de enfermagem que estão atuando durante a pandemia do novo Coronavírus

Profile of nursing professionals working during the new Coronavirus pandemic

Perfil de los profesionales de enfermería que trabajan durante la nueva pandemia de Coronavirus

Gomes, Marcia Pereira[1]; Barbosa, Diogo Jacintho[2]; Gomes, Antonio Marcos Tosoli[3]; Souza, Fabiana Barbosa Assumpção de[4]; Paula, Glaudston Silva de[5]; Espírito Santo, Caren Camargo do[6]

RESUMO

Objetivo: identificar perfil dos profissionais de enfermagem que estão atuando durante a pandemia do novo Coronavírus. Método: pesquisa quantitativa, com 128 profissionais do Estado do Rio de Janeiro, por meio de questionário online autoaplicado no período de 19 a 21 de maio de 2020. Análise de dados foi por estatística descritiva. Resultados: equipe composta por profissionais enfermeiros, jovens, do sexo feminino e sem treinamento específico para atuar junto aos casos confirmados/suspeitos do novo Coronavírus. Conclusão: a identificação do perfil possibilita atentar as especificidades dessa população que está atuando durante a pandemia do novo Coronavirus, de mulheres jovens, com provável necessidade de apoio nos cuidados com suas famílias, e que precisa estar mais preparada com treinamento para evitar a própria contaminação e de seus familiares, bem como ter segurança para prestar uma assistência de enfermagem com qualidade.

Descritores: Infecções por coronavírus; Coronavírus; Profissionais de enfermagem; Enfermagem; Descrição de cargo

ABSTRACT

Objective: to identify the profile of nursing professionals who are working on the front line in the new coronavirus pandemic. Method: quantitative research, with 128 professionals from the State of Rio de Janeiro, thought a self-administered online questionnaire from May 19 to 21, 2020. Data analysis was performed using descriptive statistics. Results: team made up of professional nurses, young women and without specific training to work with confirmed/suspected cases of the new coronavirus. Conclusion: the identification of the profile makes it possible to pay attention to the specificities of this population that is working during the pandemic of the new coronavirus, of young women, with probable need of support in the care of their families, and who needs to be more prepared with training to avoid their own contamination and her family members, as well as being safe to provide quality nursing care.

Descriptors: Coronavirus infections; Coronavirus; Nurse practitioners; Nursing; Job description

RESUMEN

Objetivo: identificar el perfil de los profesionales de enfermería que se encuentran trabajando durante la nueva pandemia de coronavirus. Metodo: investigación cuantitativa, con 128 profesionales del estado de Río de Janeiro, a través de un cuestionario en línea autoadministrado del 19 al 21 de mayo de 2020. El análisis de los datos fue por estadística descriptiva. Resultados: equipo formado por enfermeras profesionales, mujeres jóvenes y sin formación específica para trabajar con casos confirmados/sospechosos del nuevo coronavirus. Conclusión: la identificación del perfil permite prestar atención a las especificidades de esta población que se encuentra trabajando durante la pandemia del nuevo coronavirus, de mujeres jóvenes, con probable necesidad de apoyo en el cuidado de sus familias, y que necesitan estar más preparadas con capacitación para evitar su propia contaminación y de sus familiares, además de ser segura para brindar atención de enfermería de calidad.

Descriptores: Infecciones por coronavirus; Coronavirus; Enfermeras practicantes; Enfermería; Perfil laboral

INTRODUÇÃO

A Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) é a doença causada pelo Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARS CoV-2), um novo Coronavírus tipo beta, que é um dos sete subtipos de desse vírus e que causam doenças nos seres humanos, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).1 Atualmente, o Brasil enfrenta uma pandemia pelo novo Coronavírus, doença inicialmente diagnosticada no país em fevereiro de 2020.

Anteriormente, o Oriente Médio e a Coréia enfrentaram surtos por Coronavírus SARS-CoV (em 2002) e de Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV), em 2012, ainda ativa em algumas partes de Oriente Médio.2

Até o momento, a transmissão segundo a Organização Mundial da Saúde se dá pela via respiratória (por gotículas) de pessoa a pessoa, quando em contato próximo e através de contato direto ou indireto por meio de objetos e superfícies contaminadas, preconizando o uso de precauções para esse tipo de transmissão. Essas precauções incluem higienização das mãos e uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), tais como capote, luvas e máscara cirúrgica. Também foi identificada transmissão por aerossóis em pacientes submetidos aos procedimentos de vias aéreas, como a intubação oro traqueal ou aspiração de vias aéreas, sendo necessário uso de máscara específica Peça Semifacial Filtrante (PFF2) ou na classificação dos Estados Unidos da América N-95.1,3

Há de se destacar o papel da equipe de Enfermagem diante da pandemia de COVID-19, não só pelo fato de ser uma categoria numerosa nesse contexto, mas por que a maioria trabalha em contato direto e cotidiano com os pacientes, expondo-os a maior risco de contaminação ao prestarem a assistência de Enfermagem na linha de frente, devido a esta peculiaridade, a biossegurança é indispensável no processo de trabalho1 deles, bem como cuidado na retirada da paramentação para evitar contaminação, atentando para as medidas de higiene e adesão à lavagem de mãos.

O número de óbitos pela nova doença tem gerado medo e pânico em toda população mundial, uma vez que a cura e as formas de transmissão ainda não são conhecidas em sua totalidade.3 Este pânico também é frequente nos profissionais de saúde, sobretudo, nos profissionais de enfermagem, que pela característica de seu trabalho de assistência e cuidado, está mais próxima do paciente durante às 24 horas, ficando mais vulneráveis à contaminação.4-5 A enfermagem está sendo apresentada nos diversos meios de comunicação como uma das profissões que está na linha de frente no combate à pandemia ocasionada pelo novo Coronavírus.6

O cuidado eficaz, sensível, assistencial e direto que garante a manutenção essencial da vida não é produzido sem a enfermagem. É preciso corroborar que sua expressividade e relevância necessita de valorização socialmente referenciada.1

Este estudo julga-se importante uma vez que conhecer o perfil destes profissionais facilitará o desenvolvimento de atividades de treinamento e educação continuada de modo a fornecer subsídios necessários para qualificar a assistência prestada, uma vez que em situação de pandemia, os protocolos e orientações são extremamente novos e mutáveis com muita rapidez. O estudo também contribui com o ensino, prática e pesquisa não só na área da enfermagem, mas em toda a área de saúde, colaborando assim para a construção do saber frente à pandemia pela COVID-19.

Assim, com bases nestas premissas, este estudo tem por objetivo identificar perfil dos profissionais de enfermagem que estão atuando durante a pandemia do novo Coronavírus.

MÉTODO

Este é um estudo tipo observacional do tipo descritivo de abordagem quantitativa. A população alvo deste estudo foi constituída por 128 profissionais de enfermagem assistenciais hospitalares e/ou ambulatoriais de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos. Dados, divulgados pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), demonstram que o total de profissionais de enfermagem no Rio de Janeiro são aproximadamente 149.3917 e levando-se em conta uma heterogeneidade de 50% uma margem de erro de 9,5% e nível de confiança de 95% o tamanho recomendado da amostra seria igual ou maior que 107 participantes, assim, a amostra final deste estudo foi composta por 128 participantes.

A amostra do estudo foi não probabilista por conveniência, na qual se buscou profissionais de enfermagem atuantes no Estado do Rio de Janeiro em diversas instituições de saúde no mês de maio de 2020. Assim, este estudo desenvolveu-se com 128 participantes. A busca pelos participantes do estudo se deu de forma aleatória através das redes sociais online como Facebook e Instagram como também através do aplicativo para celulares Whatsapp.

O instrumento de coleta de dados foi disponibilizado aos indivíduos através do Google Forms (Formulário online do Google, armazenado in cloud no Google drive), no período de 19 a 21 de maio de 2020. O formulário online foi composto por 13 perguntas divididas em duas partes distintas, a primeira parte era composta por cinco perguntas de caracterização dos participantes do estudo e a segunda parte com perguntas focando as atividades assistenciais desenvolvidas durante a pandemia pela COVID-19. Não foi disponibilizado tempo mínimo para a resposta ao formulário por parte dos participantes.

A técnica de coleta de dados escolhida foi de autoaplicação de formulário online, tendo em vista às medidas de restrição social imposta pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro através do decreto nº 46.970 de 13 de março de 2020.4 Cada profissional ao aceitar participar da pesquisa concordou com o termo de consentimento livre e esclarecido.

A análise dos dados foi realizada através de estatística descritiva simples. O estudo seguiu as recomendações éticas emitidas pela Resolução n.º 466 de 2012 do Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa foi aprovada sob número de Certificado de Apresentação de Apreciação Ética da Plataforma Brasil: 30585220.8.0000.0008 e conforme parecer: 4.032.158.

RESULTADOS

Neste estudo foi observada uma predominância de profissionais de enfermagem do sexo feminino, com idade entre 30 e 39 anos, dos quais 108 (84,38%) são enfermeiros. Dos participantes do estudo 67 afirmaram trabalhar diretamente no diagnóstico e tratamento de pacientes com COVID-19, estes dados e outros dados no que tange a caracterização dos participantes do estudo podem ser observados na Tabela 1.


Tabela 1: Distribuição dos dados sócio demográfico de profissionais de enfermagem atuando no combate ao novo Coronavírus. Rio de Janeiro, 2020. n=128

Variáveis

n (%)

Sexo

 

Feminino

110 (86%)

Masculino

18 (14%)

Idade (em anos)

 

20 a 29

19 (14,84%)

30 a 39

45 (35,16%)

40 a 49

36 (28,13%)

50 a 59

24 (18,75%)

60 ou mais

4(13%)

Categoria profissional

 

Enfermeiro

108 (84,38%)

Técnico de enfermagem

19 (14,84%)

Auxiliar de enfermagem

1(7,8%)

Tempo de formação (em anos)

 

1 a 4

26 (20,3%)

5 a 9

15 (11,7%)

10 a 19

46 (36%)

20 a 29

25(19,5%)

30 ou mais

15(11,7%)

Ignorado

1(0,8%)

Atuação no diagnóstico e tratamento da COVID-19

 

Sim

67 (52,34%)

Não*

61 (47,66%)

Recebeu treinamento específico**

 

Sim

52(41%)

Não

76 (59%)

*Profissionais que não atuam diretamente em hospitais de campanha e/ou diretamente relacionados ao tratamento de pacientes com COVID-19.

**Este item se refere aos profissionais que atuam no diagnóstico e tratamento da COVID-19.

Fonte: dados da pesquisa, 2020.

DISCUSSÃO

Historicamente o Brasil, no início da década de 1920, implantou o modelo anglo-americano para as escolas de enfermagem, com a criação da Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde Pública (atual Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ) neste modelo a profissão era destinada as mulheres, e isso perdurou até mais ou menos os anos 1970, podendo justificar na origem histórica a preponderância do sexo feminino.8 Este fato foi confirmado neste estudo, tendo em vista que dentre o total de participantes 86% eram do gênero feminino e também pela pesquisa realizado pelo COFEN onde a preponderância também é do sexo femino.7

O maior número de mulheres na linha de frente contra a COVID-19, traz a luz à dificuldade que as mulheres apresentam para conciliar o trabalho de enfermagem com o cuidar de casa e dos filhos, e no contexto da pandemia da COVID-19 ainda tem o medo de chegar a seu domicílio e transmitir a doença para seus familiares,9 o que pode fazer com que se retirem de casa, hospedando-se assim em hotéis e pousadas,10 o que afeta psicologicamente este profissional.11

O cansaço da dupla jornada normalmente enfrentado pelas mulheres, mães e profissionais de enfermagem, é aumentado com a questão psicológica atrelada ao medo da contaminação associado a uma doença permeada de incertezas, o que traz forte impacto negativo na saúde destes profissionais, destacando: medo ou contaminação pelo vírus; estresse desencadeado pela pressão própria que acontece em contextos de situações de extrema gravidade; dilemas éticos na realização de procedimentos; transtornos de ansiedade; transtornos depressivos; automedicação em excesso para suprir o cansaço ou adoecimento mental entre outros.11

A população do estudo se concentrou entre 30 e 39 anos (45 participantes) e 40 e 49 anos (36 participantes) mostrando uma população jovem atuando na pandemia neste momento. Há uma profissão em pleno rejuvenescimento,7 registrando 40% do seu contingente com idade entre 36-50 anos, sendo então cerca de mais de 1 milhão e 100 mil trabalhadores até 40 anos.7

A caracterização da população como jovem é muito importante, quando levamos em conta a pandemia da COVID-19, que apresenta uma morbidade aumentada para idosos. Atrelado a este fato, o COFEN recomendou que os profissionais de enfermagem de maior idade e/ou que apresentam comorbidades sejam trocados da atividade da assistência, para atividades administrativas, de modo a proteger estes profissionais. Sendo assim, a amostra relativamente jovem deste estudo coaduna não só com a população com menor morbimortalidade pela COVID-19 como também com a recomendação do COFEN.10,12

Entre os trabalhadores da saúde, é a equipe de enfermagem composta por enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem que representam a maioria nos serviços públicos e privados, sendo essenciais e considerados nucleares na estrutura das profissões da saúde.13 No Brasil, a equipe de enfermagem está presente em todos os municípios e em todas as estruturas organizacionais do sistema de saúde, sendo cerca de mais de dois milhões de profissionais.13

Sem a atuação da equipe de enfermagem, não há como prestar um cuidado eficaz e fazer a manutenção essencial da vida, desta forma, atentamos para o quanto sua atuação é relevante e necessita de valorização.1

A Resolução 7.498/86 do COFEN deixa claro que a equipe de enfermagem é composta basicamente por auxiliares e técnicos de enfermagem, como também enfermeiro. A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, extingui a profissão de auxiliar de enfermagem ficando assim a equipe basicamente composta pelo técnico de enfermagem e enfermeiro, porém em nosso estudo foi possível encontrar um auxiliar de enfermagem que ainda se encontrava na prática assistencial. Dados divulgados pelo referido órgão em 01 de abril de 2020, demonstra que o número total de Técnicos em Enfermagem no Brasil é de 1.320.239 e de enfermeiro é 565.458. Apesar do número de enfermeiros serem bem menor que o número de técnicos, neste estudo foi possível observar que o número de enfermeiros participantes do estudo é superior aos de técnicos e auxiliares de enfermagem.10,14

Com adventos da COVID-19, tem se observado o grande número de pessoas que tem buscado as unidades de saúde de todo mundo, sobretudo as unidades de emergência. Neste contexto, o enfermeiro possui um importante papel neste setor, uma vez que este profissional é o primeiro contato do paciente por parte dos profissionais de saúde, sendo responsável não só pelo acolhimento, mas também pela classificação de risco.15 No tocante a pandemia do novo Coronavírus, esta atividade demanda deste profissional, não só empatia e conhecimentos gerais de condutas de emergência, mais também conhecimentos dos novos protocolos de atuação frente à COVID-19. Assim se destaca a importância do profissional de enfermagem, sobretudo do enfermeiro no tocante ao cuidado com pacientes portadores do novo Coronavírus, que como descrito anteriormente estes são os primeiros profissionais de saúde no qual os pacientes têm contato ao adentrarem nos serviços de urgência e emergência.6

A equipe de enfermagem está na linha de frente do atendimento à COVID-19, pela sua capacidade técnica, mas, também, por se tratar da maior categoria profissional, sendo os únicos que permanecem 24 horas ao lado do paciente, prestando o cuidado e assistência necessários para manutenção da vida.1,13

No que tange ao tempo de formação dos participantes, esse está entre 10 e 19 anos (36%) e estudos demonstram  que quanto maior o tempo de formação e atuação nos setores de emergência, maior os impactos negativos sobre o emocional deste profissional, tendo em vista o grande desgaste psicológico gerado neste setor, este fato, agrava-se quando observamos o comportamento da pandemia da COVID-19, uma vez que a doença em si, pelo seu desconhecimento, número de mortes crescentes a cada dia bem como também a impotência dos profissionais de saúde frente ao tratamento tem gerado nos profissionais de enfermagem uma grande carga de estresse emocional.11,16 Estes fatos coadunam para que seja levado em conta não apenas a capacitação e o treinamento para atuar frente à COVID-19, mas também o emocional destes profissionais que estão atuando na linha de frente.

Para os profissionais atuarem junto aos pacientes suspeitos e/ou confirmados da COVID-19, é necessário treinamento teórico e prático, ao serem inqueridos sobre recebimento de treinamento específico para atuar na pandemia da COVID-19, 59% (76) dos participantes do estudo não tinham recebido qualquer tipo de treinamento. O que acaba por expor ainda mais este profissional uma vez que o uso dos EPIs como capote de corpo inteiro, óculos (ou protetor facial), máscara cirúrgica ou máscara N95 (a depender do tipo de procedimento), luvas, sapatilhas e outros componentes precisam ser minuciosamente colocados e retirados para garantir a segurança dos profissionais.17 Este tipo de proteção deve ser considerado como nível de Biossegurança 4 (ou nível D) estando indicado para as atividades de  trabalho que envolva agentes exóticos e perigosos que exponham o indivíduo a um alto risco de contaminação de infecções que podem ser fatais, além de apresentarem um potencial relevado de transmissão.18

Como a maioria dos profissionais de saúde não possuem experiência com este tipo de proteção, este é mais um fator de estresse, podendo dificultar do ponto de vista técnico e emocional o cuidado.17 Em um estudo,19 os enfermeiros foram acometidos por medo e ansiedade, resposta esperada quando se trata de manejar doença emergente ou potencialmente grave.

O treinamento específico, teórico e prático, se faz necessário para que o cuidado possa ser prestado com segurança para o profissional e para o paciente. A pandemia da COVID-19 descortinou também a crise do cuidado nas instituições de saúde, que fazem chamadas públicas para contratação de profissionais da Enfermagem em caráter emergencial, principalmente para setores críticos como Unidades de Terapia Intensiva, Prontos Socorro e Unidades Pronto de Atendimento, deixando de requerer experiência ou qualquer preparo para ocupar tais vagas, e frente à situação econômica e realidade do mercado de trabalho brasileiro, a opção pelo trabalho acaba se sobrepondo.13 O que acarreta que  profissionais trabalhem em ambientes com falta de máscaras adequadas, ou com orientação de uso das máscaras por período maior que o indicado pelos fabricantes; falta de proteção ocular; escassez de capote impermeável; e déficit de trabalhadores exclusivos para assistência aos casos de COVID-19,13 ou seja em ambiente que não lhe garante a segurança adequada para prestar assistência devida.

Manter-se informado, capacitado e tecnicamente treinado é crucial para a produção de um cuidado de enfermagem baseado em evidência especialmente durante esse contexto de pandemia, onde as informações da COVID-19 são extremamente novas e pouco precisas, além de serem mutáveis com extrema rapidez.1

Disseminação de informações de fontes verdadeiras, com transparência, clareza e responsabilidade é uma importante estratégia neste cenário de pandemia, visto que as informações da COVID-19 são dinâmicas e mudam a todo instante, é preciso efetiva comunicação para que os profissionais possam ser atualizados das medidas de controle e prevenção propiciando assistência de enfermagem de qualidade, bem como segurança para o profissional.11

As limitações do estudo baseiam-se no número de participantes em contraponto às dimensões do país, não é possível generalizar essa única realidade, e o reduzido número de participantes representa apenas uma dimensão da realidade do Estado do Rio de Janeiro.

O estudo contribui para a prática de enfermagem uma vez que demonstra as dificuldades enfrentadas pelos profissionais no cuidado dos pacientes com COVID-19. Contribui também para a pesquisa, de modo a preencher um “gap” de conhecimento atrelado ao COVID-19 e enfermagem, tendo em vista a contemporaneidade do tema.

CONCLUSÕES

A identificação do perfil possibilitou perceber que os profissionais de enfermagem que estão atuando durante a pandemia é composta majoritariamente por enfermeiros jovens, do sexo feminino, sem treinamento específico para atuar junto aos casos confirmados/suspeitos da COVID-19. A velocidade com que a pandemia se instalou não permitiu um tempo de preparo da maioria destes profissionais, que apesar de estarem formados há mais ou menos 20 anos, não tiveram contato com nenhuma situação desta magnitude, dificultando assim a sua assistência. O treinamento, a capacitação adequada neste momento é um fator de segurança para que os profissionais de enfermagem se sintam seguros para realização do atendimento e auxiliam na garantia da integralidade no cuidar.

Os dados nacionais ainda são muito incipientes, devido ao tempo de progressão e contato com a doença, o que não permite muitas conclusões, todavia, estudos anteriores em outros países podem servir de instrumentos norteadores para criação de políticas que assegurem qualidade de vida e trabalho da Enfermagem Brasileira, nesse momento primordial para enxergar a Enfermagem enquanto categoria vital para o sistema de saúde. Importante destacar que para além de capacitação, a enfermagem também precisa de melhores condições de saúde, como também condições de trabalho.

REFERÊNCIAS

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Data de submissão: 03/06/2020

Data de aceite: 01/07/2020

Data de publicação: 21/09/2020



[1] Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Hospital dos Servidores do Estado (HFSE). E-mail: mpsemog@gmail.com http://orcid.org/0000-0002-7872-5891

[2] Enfermeiro. Mestre em Telessaúde. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Centro Universitário Gama e Souza (UNIGAMA). Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: jacinthobarbosa@gmail.com http://orcid.org/0000-0001-8816-1770

[3] Enfermeiro. Doutor em Enfermagem. Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: mtosoli@gmail.com http://orcid.org/0000-0003-4235-9647

[4] Enfermeira. Doutora em Clínica Médica. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: fabiana.souza@unirio.br http://orcid.org/0000-0001-8098-5417

[5] Enfermeiro. Doutor em Enfermagem. Centro Universitário Gama e Souza (UNIGAMA). Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: glaudstondepaula@gmail.com http://orcid.org/0000-0001-8066-2925

[6] Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Centro Universitário Gama e Souza (UNIGAMA). Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: carencamargo.enf@gmail.com http://orcid.org/0000-0003-1319-6965





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