A LEITURA DE ”É/NÃO É” A PARTIR DE PARMÊNIDES, B2
Resumo
Interpreto antepredicativamente o argumento de Parmênides na “verdade” do Da natureza. Chamo ‘antepredicativa’ a uma interpretação que, explorando a ausência de sujeito e predicado em “é/não é” (B2.3,5), lê os dois caminhos como expressões autoreferenciais, negando às formas verbais usadas o valor de cópulas. Da incognoscibilidade de “que não é” (B2.6-8a) resulta a “decisão de abandonar esse ‘não-nome’ (anônymon: B8.17) como via de investigação” (B8.17-18a), “deixando” ‘que é’ (B8.2) como o único [‘nome’]” (B8.1b-2a) que “pode ser pensado” (B8.18b). Nesta interpretação, ‘ser’ não é objeto de ‘pensar’, nem pensar’/‘pensamento’ a faculdade que capta o “ser” (B3, B8.34), mas o estado cognitivo infalível em que “pensamento, pensar e pensado são” (B6.1a). A leitura antepredicativa de Parmênides deixou sinais em textos de Platão, Górgias e Protágoras, alguns anunciando a captação da antepredicatividade pela predicação, nos diálogos platônicos.
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