O RITUAL INICIÁTICO E A FORMAÇÃO DE SI-MESMO. RAZÃO IMAGINANTE NA VIDA DE PINÓQUIO1.
Resumo
O presente estudo, ilustrado pela vida de Pinóquio, serve para mostrar a importância do ritual iniciático na formação de si-mesmo. Um ritual que visa a trans-formação do sujeito chamado, ou não, Pinóquio e que tem implicações na sua formação existencial. Uma formação que faz da razão imaginante o seu leitmotiv fundamental e que faz dessa mesma razão imaginante a sua pedra-angular. Uma formação que se faz por metamorfose, que não é mais do que uma maturação no mundo da vida com quem o sujeito estabelece incessantes diálogos, pontuada por cenários que, embora não tendo sempre um caráter iniciático, se deseja de tipo iniciático. Neste sentido, a educação, revestindo uma hermenêutica do vivido, aparece como mediadora entre razão e imaginação, entre a Vida como Mestre e o sujeito como seu discípulo. Trata-se de uma educação entendida como Bildung que, por conseguinte, revaloriza o papel das metáforas, dos símbolos e dos mitos e esta revalorização também não é insensível à história de vida do educando. Para melhor concretizar o agora exposto, o autor divide o seu estudo em três partes: a primeira parte é dedicada à “iniciação e morte iniciática”; a segunda trata da “metamorfose iniciática de Pinóquio”; a terceira, e última, fala do significado do percurso iniciático das Aventuras de Pinóquio à luz da hermenêutica do vivido. Estas três partes visam, à luz da filosofia do imaginário educacional, contribuir para uma remitologização da abordagem educacional que aposta antes na formação do ideal do homo viator (Gabriel Marcel), do que na formação de criaturas filhas de Frankenstein.