Cadernos de Educação Nº 22

O Editor

Resumo


No último número editado afirmamos: "...nós vamos prosseguir, companheiro, medo não há..." Neste momento, temos a expectativa de ver Cadernos de Educação avançar ainda outros passos em sua missão de ser veículo qualificado de divulgação científica, comprometido com a geração e disseminação de conhecimento educacional, capaz de colaborar na tarefa de construção de sonhos, utopias de projetos sociais possíveis.

O conceito "Nacional A" na área de Educação, alcançado na última avaliação, ao lado da satisfação pelo reconhecimento do esforço que vimos empreendendo, colocou-nos diante de um patamar mais elevado de responsabilidade perante a comunidade científica. Ainda mais que Cadernos de Educação também obteve classificação como periódico Nacional em outras quatro áreas, a saber: Psicologia, História, Serviço Social e Multidisciplinar. Ora, se nosso compromisso sempre foi o de nos tornarmos um periódico forte na área específica da educação, o fato de obtermos esse importante reconhecimento também por parte dos pesquisadores dessas áreas com as quais temos interfaces, serviu não só como confirmação do acerto da linha editorial que temos perseguido mas, principalmente, como fortalecimento do compromisso com a qualidade, em todos os aspectos possíveis. Assim, queremos fazer deste momento um tempo de consolidação do caminho já percorrido e de reformulações que nos possam aproximar de metas que ainda estão por ser alcançadas.

Neste primeiro número do ano, Cadernos de Educação apresenta-se aos leitores com uma readequação de layout, sem, no entanto, afastar-se da identidade já consolidada. Com as alterações, as informações editoriais nas páginas internas tornaram-se mais leves e equilibradas, foi criado um índice em língua inglesa, bem como foi otimizada a área de capa, introduzindo-se espaços de comunicação rápida com o leitor. No próximo número, será a vez de concluir o processo de normalização, avançando em pequenos detalhes que ainda carecem de maior estudo.

Nosso compromisso com a qualidade, entretanto, como não poderia deixar de ser, ultrapassa os aspectos formais e estéticos e vai para o campo do conteúdo. Sob esse ângulo, mantemos a política de proporcionar o debate internacional, oferecendo aos educadores brasileiros um contato mais sistemático com o que de mais importante vem sendo produzido fora de nossas fronteiras. Assim, temos a satisfação de, mais uma vez, contar com dois textos internacionais, e de educadores que dispensam apresentações - José Contreras Domingo, Peter McLaren e Nathalia Jaramillo. No primeiro, Contreras desafia-nos a romper as amarras de uma racionalidade meramente instrumental, brindando-nos com a afirmação de que há outras escolas, possíveis e existentes. Assim, postos de chofre diante desta quase-obviedade, não há como deixarmos de pensar que o modelo educacional predominante no mundo não é natural, mas criação de nossa cultura; portanto, mais do que imposição programática, um outro mundo é possível, viável, factível. Logo depois, McLaren & Jaramillo demonstram o perfeito encaixe entre capitalismo e imperialismo, nutrindo-se mutuamente sob o manto protetor da democracia. Percorrendo trilha diversa, o ponto de chegada é análogo - a retomada das utopias, o esforço de construção de projetos alternativos, o enfrentamento desassombrado do niilismo, do relativismo e da derrocada das esperanças. Ainda na linha do debate internacional, outros dois textos de educadoras brasileiras trazem contribuições de extrema relevância. Flávia Werle estebelece um rico diálogo entre as experiências de democratização da escola básica em Portugal e no Brasil - Rio Grande do Sul. Por seu turno, Maria Suzana Menin e Alessandra Shimizu analisam trabalhos apresentados em congressos científicos no Canadá, na Escócia e no Brasil, com o intuito de identificar as principais características das pesquisas em representação social aplicadas ao campo educacional.

No plano dos artigos que discutem questões mais específicas da educação brasileira, temas não menos relevantes e autores igualmente reconhecidos. Antonio Flavio Barbosa Moreira discute a complexa e necessária articulação, no processo curricular, entre desenvolvimento, conhecimento escolar e cultura. Marlene Carvalho analisa práticas de produção e recepção de leitura entre futuras professoras da educação básica, visando identificar lacunas que precisam ser preenchidas em sua formação de formadoras de leitores. Alessandra Frota M. de Schueler investiga o processo de feminização do magistério, a partir do caso de professoras primárias no final do século XIX. Haller Elinar Stach Schünemann estuda adolescentes de classe média, estudantes de escolas confessionais, visando avaliar o impacto da religião sobre a motivação altruísta da escolha profissional. Carla Gonçalves Rodrigues toma as categorias de identidade e diferença como referência para a abordagem feita pelo cinema sobre o professor de Matemática. Por fim, Roberta Luna da Costa Freire analisa a inserção da Psicopedagogia no âmbito escolar, com o intuito de resolver os problemas de aprendizagem surgidos nesse contexto. Destacamos, ainda, a continuidade da tradução do Clássico texto de John Locke - Alguns Pensamentos acerca da Educação - agora apresentando a Parte 10. Contamos, também, neste número, com Resenha de autoria de Márcia Ondina Ferreira. Cabe, por fim, registrar que, dentre todos os artigos, apenas um é de autoria de pesquisadora da FaE/UFPel, ratificando, assim, nosso constante compromisso com o caráter não-endógeno de Cadernos de Educação.
Só me resta, então, desejar a todos uma proveitosa leitura e agradecer, mais uma vez - e sempre - a cumplicidade que vimos cultivando.