AS TRÊS MARIAS E O PROTAGONISMO DAS TRABALHADORAS: SUBMISSÃO, CONTESTAÇÃO E AMOR FALHADO EM PERSONAGENS DA LITERATURA PORTUGUESA HIPERCONTEMPORÂNEA

Paulo Ricardo Kralik Angelini

Resumo


Além da coincidência do nome Maria, as três personagens analisadas neste artigo carregam outras marcas comuns: são trabalhadoras exploradas pelo jogo do poder, subalternizadas, domesticadas, vítimas de abuso, convivem com a arrogância e o preconceito de seus patrões em um Portugal em crise. As três Marias, a da Graça, a dos Canos Serrados e a da Guia, são personagens da literatura portuguesa hipercontemporânea, construídas em diferentes perspectivas narrativas. A primeira carrega o foco narrativo de uma voz heterodiegética, em o apocalipse dos trabalhadores, de Valter Hugo Mãe; a segunda é a narradora autodiegética do livro homônimo de Ricardo Adolfo; e a terceira é uma importante personagem, ainda que coadjuvante, de Os meus sentimentos, de Dulce Maria Cardoso. As três procuram assumir algum tipo de protagonismo contra o silenciamento, possuem no amor uma chance de felicidade, mas constituem-se como seres rompidos, vazios, elementos descartáveis dentro da sociedade portuguesa, e recebem, a todo momento, os sinais de proibição a espaços que socialmente não lhe cabem, seguindo a tendência de segregação social. Este artigo pretende recuperar essas vozes em entrecruzamento, mostrando o papel dessas mulheres excluídas nas narrativas e suas lutas contra o poder estabelecido. Como referencial teórico, autores como Michel Foucault, Linda Hutcheon, Umberto Eco, Byung-Chul Han, Erich Fromm, Judith Butler, Eduardo Lourenço, Regina Dalcastagnè, Silviano Santiago, entre outros.       


Palavras-chave


Literatura portuguesa hipercontemporânea; poder; trabalho; submissão; corpo.

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DOI: https://doi.org/10.15210/cdl.v0i42.21242



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