Herta Müller: por uma ética da alteridade

Thalyta Bruna Costa do Lago, Helano Jader Ribeiro

Resumo


Resumo: O presente trabalho propõe uma análise dos aspectos responsáveis por constituir uma obra autobiográfica inclinando-se, primordialmente, para o relato de si a partir do relato do outro. Para tanto, analisaremos o romance Tudo o que tenho levo comigo, de Herta Müller. Trata-se de uma obra construída através de cartas escritas por seu amigo Oscar Pastior, nas quais ele relata as experiências vividas durante o período em que foi mantido em um “gulag” - campo soviético de trabalho forçado- após o término da Segunda Guerra Mundial. Além do trauma como experiência de mudez vivida pelo jovem, a obra também se encarrega de retratar a dificuldade enfrentada por ele em retornar à família. Herta e Pastior desejavam escrever o livro juntos, no entanto, a morte de Pastior ocorrida no ano de 2006 impossibilitou que o projeto se concretizasse. Posteriormente, Herta escreveu a obra com o auxílio das cartas deixadas por ele, e é nesse ponto que devemos nos ater, pois através dele é possível começarmos a pensar sobre os jogos do discurso de si através do discurso do outro (“alteridade”), a reconstrução da memória a partir da memória do outro. A análise dos aspectos da obra se deu à luz de questões essenciais, tais como, a “ética da alteridade” de Emmanuel Lévinas, a qual nos permite compreender o processo de constituição do sujeito a partir do outro, o conceito de “trauma” de Sigmund Freud, para esclarecermos a relação existente entre o trauma e a história, o “conceito de origem” proposto por  Walter Benjamin. 


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DOI: https://doi.org/10.15210/cdl.v0i29.12000



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