História em Revista, em seu 9º número, se dedica a incursionar pelos caminhos da história, tanto revisitando fontes e temas, quanto detendo-se na análise e teorização do conhecimento histórico e historiográfico atual.
Cada novo momento propõe novos desafios, mas também traz perigos à ciência histórica e não são poucos aqueles que prevêem seu fim como ciência e sua substituição por formas variadas do fazer literário. Entretanto, a enorme vitalidade da disciplina, sua incrível flexibilidade quanto a temas e sua abertura a novos enfoques, deixam claro que ela é, das ciências humanas, a que possui maior vitalidade e possibilidade de, aceitando as novas contribuições, continuar em seu papel básico, que é conhecer e interpretar o passado humano.
Os artigos incluídos nesse número, não tem uma resposta comum a essa questão, e muitos sequer se preocupam explicitamente com ela, mas trazem, individualmente, propostas diferenciadas de como lidar com os novos modos de fazer história.
Com relação à teoria e historiografia, temos o artigo de Silvia Petersen sobre a historiografia brasileira contemporânea, que, embora seja um trabalho feito para ser apresentado a um público estrangeiro, não perde nenhuma das qualidades necessárias a uma boa análise das influências, temas e tendências em voga atualmente no Brasil. Quanto ao artigo de Fernando Nicolazzi procura esmiuçar o pensamento de Paul Ricoeur com relação ao discurso historiográfico.
Quanto à forma de trabalho com as fontes, um instigante exemplo de utilização da poesia como fonte para a análise histórica é apresentado pelo estudo de Carlos Rangel, que versa sobre dois poetas de Rivera, no Uruguai, fronteira com o Brasil. Através de sua pesquisa, que incluiu a manipulação de outras fontes tradicionais, como documentos escritos e dados estatísticos, Rangel conseguiu explorar de forma inovadora a representação identitária dessa comunidade fronteiriça através dos versos de Olintho Simões e Agustín Bisio, bem como suas relações com o universo cultural e social brasileiro, que transparece nos próprios versos estudados.
Maria Cecília Pilla contextualiza o surgimento e evolução da noção de civilidade na sociedade européia, utilizando-se dos manuais de boas maneiras, que procuravam orientar as relações entre iguais nas classes superiores. Seu trabalho consegue nos apresentar uma interessante visão do desenvolvimento da noção de civilidade e boas maneiras na sociedade ocidental européia e na brasileira.
Mas, mesmo fontes já consagradas, como são as correspondências epistolares, ainda se constituem em campos abertos para a atuação histórica, como o comprova o artigo de Paulo Ricardo Pezat, baseado na correspondência trocada entre um membro da Igreja Positivista do Brasil, médico e militar, durante a Revolução Federalista, com lideranças positivistas do Rio de Janeiro, na qual se mesclam as visões do médico sobre a barbárie da guerra, as convicções do positivista sobre a difusão de sua doutrina e as simpatias do militar republicano para com os castilhistas durante a revolta. Embora bem explorada pelo autor, o próprio artigo deixa entrever vários outros usos dessa correspondência, especialmente em relação ao cotidiano e as relações familiares estremecidas pela guerra.
Ana Teresa Gonçalves traz, baseada em grande erudição, uma reflexão sobre a forma como os Severo, em Roma, utilizaram-se de várias estratégias, entre elas a representação de imagens, na formação de apoios entre alguns segmentos sociais, lidando com a evolução dessa representação ao longo das etapas da vida de Septimio Severo.
Por último, temos o artigo de uma recém egressa do curso de história da UFPel, Beatriz Zechlinski, sobre as relações entre literatura e história, tema de sua monografia de conclusão de curso. Até aqui, a revista sempre procurou oportunizar a publicação dos resultados dos trabalhos finais dos alunos, como forma de valorização do seu trabalho. Este artigo foi escolhido, entre outros três, por uma comissão de professores do curso.Sumário
Artigos
Silvia Regina Ferraz Petersen
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Fernando Nicolazzi
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Carlos Roberto da Rosa Rangel
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Maria Cecília Barreto Amorim Pilla
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Paulo Ricardo Pezat
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Ana Teresa Marques Gonçalves
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Beatriz Polidori Zechlinski
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Resenha
Cesar Augusto Barcellos Guazzelli
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Instrumento de Trabalho
sem autor sem autor
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