Apresentação: 30 ANOS DO CURSO DE FILOSOFIA UFPEL

Resumo

O Curso de Licenciatura em Filosofia foi autorizado pelo MEC em 24 de agosto de 1984, tendo a sua primeira turma em março de 1985. O Curso, quando de sua criação, fazia parte do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas.

O que originou seu surgimento foi uma cisão política ocorrida no antigo Instituto de Sociologia e Política, que acabou por levar um grupo de professores a propor, com sucesso, a criação do Curso.

Devido às circunstâncias históricas, o quadro docente não possuía, como hoje em dia, uma formação vertical em Filosofia, ou seja, não havia entre os docentes mestres ou doutores em Filosofia, nem uma produção científica adequada. Cabe ressaltar que os tempos eram outros, e os professores, extremamente dedicados ao Curso, já vinham de uma carreira na Universidade em um período, não apenas na UFPel, em que estudos de Pós-Graduação ou a referida produção científica não eram estimulados, não havendo nem uma política Institucional para isto, especialmente no que concerne às Ciências Humanas e Sociais.

Com todas as dificuldades inerentes a tal situação, podemos dizer que havia uma efervescência intelectual, mesmo que não refinada, na comunidade discente, com discussões políticas e filosóficas muito interessantes e vivas, embora respeitosas, fruto, talvez da criação do CAFIL (Centro Acadêmico de Filosofia), responsável pelos primeiros eventos realmente significativos da Filosofia - UFPel.

O cenário, e o perfil, começou a mudar com a vinda para o Curso dos professores Cláudio Neutzling e Osmar Schaefer, os dois primeiros doutores do quadro docente, com formação na Itália (Universidade Gregoriana) e Bélgica (Universidade de Louvain). Este foi realmente um ponto de inflexão no nosso Curso, trazendo, de um lado, a exuberância de Cláudio Neutzling, e seu domínio invejável da História da Filosofia, e, de outro, a paciência e a meticulosidade filosófica de Osmar Schaefer.

Conjuntamente, a formação docente começou a mudar com a chegada de professores já com mestrado, bem como com uma política definida de liberação dos professores para pós-graduação.

Mas não foram tempos fáceis, pois não havia, aparentemente, uma boa vontade das seguidas administrações superiores da Universidade em garantir ao Curso de Filosofia um grupo de professores de carreira. Na maior parte do tempo, o Departamento de Filosofia foi composto por um precário número de docentes concursados, sendo obrigado a funcionar com um acréscimo numérico importante de professores substitutos, que dentro das condições de momento muito ajudaram no andamento das disciplinas oferecidas.

Evidentemente isto não permitia um planejamento adequado no que tange ao crescimento do Curso, mesmo assim conseguimos criar a Especialização em Filosofia Moral e Política, assim como, em 1995, a Revista Dissertatio de Filosofia que, com o passar dos anos, tornou-se uma das referências dos periódicos da nossa área.

Nos anos 2000, tivemos a criação do Curso de Bacharelado em Filosofia (2006), que surge em um contexto de mudança efetiva com uma série de concursos públicos que possibilitaram a constituição de um grupo consistente e com uma clara perspectiva Institucional, buscando a qualidade em todos os ambientes da vida acadêmica, no ensino, na pesquisa e na extensão, e propiciando uma formação discente condizente com o que se espera de uma Universidade Pública. Nossos alunos começaram a ser selecionados nos melhores Cursos de Pós-Graduação do país, mostrando que o trabalho estava surtindo efeito.

Mas faltava o passo definitivo, a criação da nossa Pós-Graduação em Filosofia stricto sensu. Submetemos o projeto do Mestrado em Filosofia no ano de 2007, e este foi aprovado pela CAPES com nota 3, o que propiciou a nossa primeira turma em março de 2008. Na sua primeira avaliação trienal completa da CAPES, o Curso recebeu nota 4.

Este foi o sinal para a elaboração do projeto do Doutorado em Filosofia em 2014. Como todos sabem, o Doutorado em Filosofia do Instituto de Filosofia, Sociologia e Política da Universidade Federal de Pelotas foi aprovado, tendo começado a funcionar em agosto de 2015.

Ainda em 2014 tivemos a criação da Licenciatura em Filosofia à Distância, hoje uma referência não apenas na UFPel, mas também nacionalmente pela seriedade e planejamento do trabalho ali desenvolvidos.

Há que se destacar, igualmente, a criação do NEPFIL (Núcleo de Estudos e Pesquisa em Filosofia), projeto que integra os diversos grupos de pesquisa e, através do NEPFIL on line, proporciona à comunidade filosófica, o acesso a diversas publicações em formato digital, reunindo em suas três séries (Dissertatio de Filosofia, Dissertatio Studia e Dissertatio Incipiens), trabalhos oriundos de projetos de pesquisa de professores e de pós-graduandos, além da contribuição de pesquisadores externos à UFPel.

Não podemos esquecer da plêiade de atividades de extensão, de ensino, de pesquisa (hoje o corpo docente já conta com dois bolsistas Produtividade do CNPq). As atividades de extensão têm garantido uma excelente e frutífera interação com a comunidade em geral, as atividades de ensino têm pensado o Curso e a Universidade diuturnamente, e os inúmeros Congressos, Colóquios, Seminários, Simpósios, Minicursos, Semanas Acadêmicas garantem a vinda de pesquisadores extremamente competentes do Brasil e do exterior, permitindo um debate filosófico de extrema qualidade.

Mas nossos Cursos ainda são uma obra em aberto, com muito planos e projetos futuros, correções de rumo, e não nos furtaremos em persegui-los. Nós professores, discentes e servidores técnico-administrativos.

Pelotas, março de 2016.

João Hobuss