A FIGURA FEMININA NA OBRA SUBVERSIVA DE HENRIETTE BROWNE

Jéssica Thaís Demarchi, Ana Carolina Sampaio Zdradek

Resumo


Este artigo se propôs a analisar a figura de Henriette Browne - pseudônimo pelo qual ficou conhecida a francesa Sophie de Bouteiller (1829 - 1901). A artista foi uma das primeiras mulheres a pintar cenas de harém e exerceu importância no Orientalismo. Portanto, o estudo se vale das contribuições de Reina Lewis (1996) sobre a posição das mulheres na pintura Orientalista. Neste mapeamento, selecionou-se a obra A Tocadora de Flauta (1861) e investiu-se em uma análise que, aliada aos Estudos da Imagem, ancora-se na perspectiva anacronista. Assim, considera-se a postura de Didi-Huberman (2015) quando menciona que as imagens carregam todas as complexidades do tempo e todos os estratos da arqueologia. Nesse sentido, os sujeitos são passageiros frente às imagens, pois, estas se configuram no elemento da duração. Nesse preâmbulo, duas noções teórico-conceituais do autor foram importantes: 1) a imagem cria sintoma (interrupção no tempo) e 2) a imagem cria conhecimento (interrupção no caos). Os resultados dessa pesquisa demonstram que as personagens de Browne convivem em uma interação social da ordem do anfêmero, ao contrário das obras tradicionais do movimento Orientalista, nas quais o contato entre as figuras femininas do harém era de intensidade mínima, demonstrando a ideia da mulher como objeto sexual passivo. Ao operar uma fissura na camada da erotização feminina, Browne traz à cena da História da Arte uma imagem da mulher como ser social provido de vontades e percepções próprias.

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