A MÁSCARA CUBISTA DE BORGES DE MEDEIROS E AS CONTRADIÇÕES DA MODERNIDADE NO RIO GRANDE DO SUL

Juliana Proenço de Oliveira, Paula Ramos

Resumo


Executada em 1924, a Máscara cubista de Borges de Medeiros serviu, anos depois, para situar Fernando Corona (1895–1979) no flanco moderno do embate com o acadêmico que permeava o campo artístico local. Não é à toa que a obra figura no fundo do retrato de Corona, realizado por Ermanno Ducceschi em 1948, ou que ganha destaque em crônicas escritas, mais tarde, pelo próprio artista, relembrando a assimilação no modernismo de matriz paulista em terras gaúchas (ou, antes, a falta dela). Acontece que o moderno não é unívoco, alcançando seu mais alto potencial nas ambiguidades a que dá vazão, exatamente como a cabeça prismática esculpida por Corona. O que se propõe é explorar as contradições da obra e de seu contexto. Primeiro, a partir das tensões entre nacionalismo, internacionalismo e regionalismo, identificadas por Maria Lúcia Bastos Kern na origem do modernismo na pintura rio-grandense. Depois, com foco no aparente paradoxo entre representado e linguagem. Antônio Augusto Borges de Medeiros (1863–1961) era, à época da realização da escultura, o líder de um regime tradicional e agonizante. A opção por representá-lo mediante uma fórmula cubista, ainda assim, não poder

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