ARTE E IDEOLOGIA NO CEMITÉRIO DE SANTO AMARO: O JAZIGO-CAPELA DE JOAQUIM NABUCO EM FOCO
Resumo
Analisar o sentido do entrelaçamento entre arte funerária e ideologia em túmulos existentes nos cemitérios secularizados do Brasil, a partir do exame de um túmulo singular, edificado no Cemitério de Santo Amaro, Recife-PE, é o objetivo deste artigo. Trata-se do jazigo-capela de Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo (1849-1910), pernambucano reconhecido por seus méritos como ator social do Brasil imperial e dos primeiros anos de república, sobretudo por seu engajamento na luta não somente da abolição, mas também de inclusão social dos libertos. Túmulo-monumento de tipologia “celebrativa” ou “cívico-celebrativa”, destaca-se não apenas pelo caráter monumental e rica ornamentação artística - é considerado o mais valioso mausoléu do cemitério -, mas especialmente porque pertence à pessoa de proeminência político-social e resultou de encomenda pelo Governo do Estado de Pernambuco, em 1910. A fim de atingir o objetivo proposto, fundamentamos a argumentação analítica, sem prejuízo de outros autores, em Plekhanov (1964) e sua teoria utilitarista da arte, em Maria Elizia Borges (2002; 2014) e Harry Rodrigues Bellomo (2008) e os estudos sobre arte funerária no Brasil engendrados por ambos.