Fronteira ou horizonte? Comparando o conceito de "razão" nas tradições liberal e republicana
Resumo
Este artigo analisa as expectativas nutridas pela filosofia política da modernidade, em suas tradições liberal e republicana, acerca da razão: sua conceituação, prerrogativas e implicações normativas. Para tanto, explicitamos o papel dessa faculdade humana nas teses de autores seminais da modernidade e sua conjugação com os conceitos de liberdade e igualdade. Tomando o contratualismo como ponto de partida, contrastamos o conceito de razão nas correntes liberal e republicana, para então analisar as implicações das características sociais da democracia moderna (massiva e igualitária) para o conceito de indivíduo racional. Conclui-se que embora a razão seja apresentada como sustentáculo do indivíduo político da modernidade, locus da sua autonomia e fator justificador de sua isonomia, sua conceituação varia segundo a tradição política, trazendo consequências para os limites legítimos da ação estatal sobre o cidadão e para as expectativas de progresso moral da população.