A arte do “acolhimento”: novas perspectivas sobre a salvaguarda do jongo

João Alipio de Oliveira Cunha

Resumo


Esse artigo é um desdobramento da pesquisa realizada entre os anos de 2016 e 2018 sobre a Casa do Jongo de Pinheiral, conhecida por ser um lugar onde os jongueiros desenvolvem praticamente todas as suas atividades – apresentações, projetos educacionais, turismo comunitário, festas religiosas e de lazer – mas é, principalmente, considerado por eles o “lugar do acolhimento”. O “lugar do acolhimento” tem sido na prática onde os jongueiros realizam a salvaguarda da cultura e deles próprios. Assim, pretendo através desse texto pensar a prática da salvaguarda do Jongo através dos jongueiros e suas múltiplas conexões com a história, a religião, a Casa do Jongo e o “território jongueiro”. Na primeira parte do texto faço uma análise do trabalho de campo realizado junto ao Grupo Jongo de Pinheiral e analiso a categoria “território jongueiro”, em conexão com seus saberes e relações com a própria história do jongo. Num segundo momento descrevo o processo de patrimonialização e salvaguarda do jongo que em diferentes situações os jongueiros foram protagonistas. Na última parte faço um relato de como a Casa do Jongo tem sido fundamental para concretização da salvaguarda do Jongo num ambiente de descaso e ausência de políticas públicas sérias para os jongueiros.

 

Abstract: This article is a result of the research carried out between 2016 and 2018 on the Casa do Jongo de Pinheiral, known as a place where jinguiros develop practically all their activities - presentations, educational projects, community tourism, religious and leisure parties - but is mainly considered by them as the "lugar do acolhimento" where they carry out the safeguarding of culture and of themselves. In the first part of the text I make an analysis of the fieldwork carried out with the Jongo de Pinheiral Group and analyze the category "jongueiro territory", in connection with its knowledge and relations with the history of jongo. In a second moment I describe the process of patrimonialization and safeguard of the jongo that in different situations the jongueiros were protagonists. In the last part I make an account of how the Casa do Jongo has been fundamental for the realization of the safeguard of intangible heritage in an environment of neglect and absence of serious public policies for jongueiros.


Palavras-chave


Grupo Jongo de Pinheiral, “Território Jongueiro”, Salvaguarda e “lugar do acolhimento”

Texto completo:

PDF

Referências


ABREU, Martha, COUTO, Patrícia Brandão, LOURENÇO, Thiago Campos Pessoa, MATTOS, Hebe. Relatório Antropológico de Caracterização Histórica, Econômica e Sócio-Cultural do Quilombo de Pinheiral. Niterói: UFF/ Incra – SRRJ, 2010.

COSTA, Rogério e GONDAR, Josaida. Entrevista com Felix Guatarri. Paris, 12 de Agosto de 1992. Texto apresentado no Simpósio A Pulsão e seus Conceitos. Promovido pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade. Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 1992.

CUNHA, João Alipio; MONTEIRO, Elaine; PAULA, Andrieve Martins Santos; PINHEIRO, Angélica de Souza; SANTOS, João Paulo da Silveira; SILVA, Lucas César Rodrigues da; SILVA, Luciana Adriano da e TAVARES, Suellen Cristina. Fazer com, em diferença: desafios do “outro” como sujeito nas políticas culturais. Livro de Atas do 1º Congresso da Associação Internacional de Ciências Sociais e Humanas em Língua Portuguesa, p.p. 8963 – 8975, 2015.

CUNHA, João Alipio. ‘Com tanto pau no mato. Embaúba é coronel’: A história pública e o turismo Comunitário de Pinheiral – RJ. Revista Enfoques - UFRJ, Vol. 16, nº 1, pp. 80-103, 2017.

_________________. Eu vim sarava terra que eu piso: A Casa do Jongo e o Turismo Comunitário em Pinheiral – RJ. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2018.

IPHAN. “Caxambu, jongo e tambor”. In: Dossiê Iphan: Jongo no sudeste. Brasília, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), 2007. Disponível (on-line) em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/PatImDos_jongo_m.pdf

LOURENÇO, Thiago. A força da escravidão ao sul do Rio de Janeiro: os complexos de fazendas e a demografia escrava no Vale cafeeiro na segunda metade do Oitocentos. In: MUAZE, Mariana & SALLES, Ricardo (orgs). O Vale do Paraíba e o Império do Brasil nos quadros da segunda escravidão. 1ª edição. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2015.

LUCINDA, Maria da Consolação. Territórios Religiosos. Conexões entre passado e presente. 1ª edição. Curitiba: Appris, 2016, 285 p.

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Termo de Ajustamento do Município de Pinheiral. Procuradoria da República no Município de Volta Redonda, 2016.

MONTEIRO, Elaine e SACRAMENTO, Mônica. Pontão de Cultura de bem registrado e salvaguarda de Patrimônio Imaterial: a experiência do Jongo no Sudeste. Políticas Culturais: teorias e práxis. Casa Rui Barbosa, 2010.

RABELO, Miriam. Enredos, feituras e modos de cuidado: dimensões da vida e da convivência no candomblé. Salvador: EDUFBA, 2014.

VIANNA, Letícia. Inventário Nacional de Referências Culturais. Dossiê 5: Jongos do Sudeste. Brasília: IPHAN, 2008.




DOI: https://doi.org/10.15210/lepaarq.v16i31.14944

 
Contador de visitas