NEM TUDO ESTÁ PERDIDO: ARQUEOLOGIA E HISTÓRIAS DE VIDA NA CONTEXTUALIZAÇÃO DE OBJETO ARQUEOLÓGICO DO MAE/UFBA

Carlos Alberto Santos Costa

Resumo


Neste artigo utilizo a perspectiva das “histórias de vida” com o objetivo de contextualizar e indicar o provável local de coleta feita por moradores locais de uma urna funerária, posteriormente resgatada pelo arqueólogo Valentín Calderón nos anos 60 do século XX, no município de Morro do Chapéu, Bahia. Tomando como ponto de partida a minha história e as minhas memórias pessoais, identifiquei interlocutores que viveram este episódio e fiz o enlace das suas “histórias de vida” com dados arqueológicos e com informações salvaguardadas no Mae/Ufba. Este caminho percorrido permitiu a obtenção de elementos comuns das “histórias de vida” dos diferentes atores sociais para a criação de uma nova narrativa sobre o objeto arqueológico. Assim, é possível compreender melhor esse objeto, então sob a salvaguarda do museu, e indicar caminhos futuros para novas pesquisas.

 

Abstract: In this article I use the perspective of “life histories” with the purpose of contextualizing and indicating the probable place of collection by local residents of a funeral urn, later rescued by the archaeologist Valentín Calderón in the 60s of the 20th century, in the municipality of Morro do Chapéu, Bahia. Taking as my starting point my story and my personal memories, I identified interlocutors who lived through this episode and linked their “life histories” with archaeological data and information safeguarded in Mae/Ufba. This path allowed me to obtain common elements of the “life histories” of the different social actors for the creation of a new narrative about the archaeological object. Thus, it is possible to better understand this object under the safeguard of the museum and indicate future paths for further research.


Palavras-chave


Histórias de vida, Urna funerária, Valentín Calderón, Morro do Chapéu

Texto completo:

PDF

Referências


BATE, Luis Felipe. El proceso de investigación en Arqueología. Crítica, Barcelona, 1998.

BOADO, Felipe Criado. Arqueológicas, la razón perdida: la construcción de la inteligencia arqueológica. Barcelona: Bellaterra, 2012.

BRANDÃO, Ana Maria. Entre a vida vivida e a vida contada: a história de vida como material primário de investigação sociológica. Configurações – dossiê cultura e identidade. Minho: Campo das Letras, v. 1, nº 3, p. 83-106, 2007.

CAROSO SOARES, Carlos Alberto; ETCHEVARNE, Carlos Alberto; MENDONÇA, Teresa Cristina Sousa. Catálogo do Museu de Arqueologia e Etnologia. Brasília: Ministério de Relações Exteriores - Itamarati, 2006.

CORTÉS, Pablo. El sentido de las historias de vida en investigaciones socioeducativas: una revisión crítica. In: HERNÁNDEZ, Fernando; SANCHO, Juana María;RIVAS, José Ignacio Rivas (Coords.). Historias de vida en educación: biografías en contexto. Barcelona: Esbrina, p. 68-74, 2011.

COSTA, Carlos Alberto Santos. Sítios de representações rupestre da Bahia (1950-1990): levantamento dos dados primários dos acervos iconográficos das coleções arqueológicas do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade Federal da Bahia (Mae/Ufba). Canindé (MAX/UFS. Impresso). Xingó: UFS, v. 1, nº 6, p. 139-157, 2005.

ETCHEVARNE, Carlos Alberto. Escrito na pedra: cor, forma e movimento nos grafismos rupestres da Bahia. São Paulo: Odebrecht S.A, 2007.

ETCHEVARNE, Carlos Alberto. Valentim Calderon e os primeiros trabalhos de Arqueologia Baiana. Boletim Informativo do Museu de Arqueologia e Etnologia, nº 8, p. 3, 2015.

ETCHEVARNE, Carlos Alberto; FERNANDES, Henry Luydy Abraham; BEZERRA, Alvandyr Dantas. Cronologias e contextos arqueológicos nos sítios de arte rupestre na Vila Ventura, Morro do Chapéu, Bahia. PetrArt. Teresina: UFPI, v. 1, nº 1, p. 54-74, 2015.

GOFFMAN, Erving. A representação do Eu na vida cotidiana. Tradução Maria Célia Santos Raposo. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

HAVRE, Grégoire André Henri Marie Ghislain Van. Interações. Análise da complexidade no registro rupestre do Vale do Ventura, Morro do Chapéu, Bahia (Tese de Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Arqueologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2015.

GALLAY, Alain. A arqueologia do amanhã (L’Archéologie Demain). Tradução: Emílio Fogaça. Paris: Pierre Belfont Ed., 1986.

JOHNSON, Matthew. Teoría Arqueológica: una Introducción. Barcelona: Editorial Ariel, 2000.

LA SALVIA, Fernando; BROCHADO, José Proença. Cerâmica Guarani. 2a ed. Porto Alegre: Posenato Arte e Cultura, 1989.

LECHNER, Elsa. Histórias de vida: olhares interdisciplinares. Porto: Edições Afrontamento, 2010.

LIMA, Tânia Andrade. Teoria e método na arqueologia brasileira: avaliação e perspectivas. In: SOUZA, Sheila Maria Ferraz Mendonça de (Org.). Anais do IX Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira (1997). Rio de Janeiro: SAB, 2000.

MARTÍN ÁVILA, Maria Gabriela. Pré-história do Nordeste do Brasil. 3ª ed. Recife: EDUFPE, 1999.

MENSCH, Peter Van. O objeto como portador de dados. Cuaderno de museologia. Lima, v. 1, p. 53-62, 1989.

NUNES, Maria Odete. Uma abordagem sobre a relação de ajuda. A pessoa como centro – Revista de estudos rogerianos. Lisboa: Associação Portuguesa de Psicoterapia Centrada na Pessoa e Counselling, v. 1, nº 3, p. 59-64, 1999.

RENFREW, Colin; BAHN, Paul. Arqueología: teorías, métodos y práctica. Barcelona: Ediciones Akal, S.A., 1993.

SCHIFFER, Michael Brian. Archaeological context and systemic context. American Antiquity. Washington: Society for American Archaeology, v. 37, nº 2, p. 156-165, 1972.

TRIGGER, Bruce Graham. História do pensamento arqueológico, 2a ed. Tradução: Ordep Trindade Serra. São Paulo: Odysseus, 2004 [1989].




DOI: https://doi.org/10.15210/lepaarq.v16i31.14363

 
Contador de visitas