SAÚDE MENTAL, JUSTIÇA CRIMINAL E EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL NA DEFENSORIA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS-MT
Resumo
O acesso à justiça, segundo a Constituição Federal Brasileira, constitui-se como um direito fundamental de todas as pessoas residentes no país, mesmo que estas não possuam condições financeiras para custear tais serviços. Desse modo, por meio da Defensoria Pública, é dever do Estado garanti r a assistência jurídica integral e gratuita às pessoas de baixa renda ou que apresentam hipossuficiência de defesa jurídica, assim como a defesa de grupos em contextos/situações de vulnerabilidades sociais, destinatários de políticas públicas que propagam os Direitos Humanos e a Cidadania. Nesse contexto, a Psicologia se configura como um recente campo de atuação no âmbito jurídico, relacionando-se e estabelecendo intersecções com o sistema de justiça. Atualmente, as demandas jurídicas têm ampliado o campo de atuação da(o) psicóloga(o), o que possibilita o crescimento das possibilidades e práticas vigentes, sendo a prática de atenção psicossocial uma das propostas atuais no contexto judicial. Assim, o presente artigo versa sobre as ações extensionistas realizadas no âmbito da Defensoria Pública – Núcleo Criminal do município de Rondonópolis-MT, as quais têm por objetivo principal oferecer e promover um trabalho psicossocial, alicerçado pelo arcabouço teórico-metodológico esquizoanalista e de autores pós-estruturalistas, com uma população em vulnerabilidade social, alvo de discriminações, negligenciada historicamente e que encontra muitos obstáculos para ter seus direitos fundamentais respeitados. Os resultados indicaram a emergência da intersecção entre saberes e políticas públicas na resolução e encaminhamento de questões sociojurídicas. A parceria entre as/os extensionistas de Psicologia e profissionais da Defensoria Pública despontou como um potente intercessor de práticas de atenção individual e coletiva.
Palavras-chave
Referências
BENTO, Berenice. Transexuais, corpos e próteses. Labrys: Estudos Feministas, n. 4, ago./dez. 2003. Disponível em: . Acesso em 16 de fevereiro de 2020.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
_______. Ministério Público Federal. Cartilha do direito à saúde mental. 2012. Disponível em: Acesso em 18/02/2020.
BRAUNER, Maria Claudia Crespo; CABRAL JÚNIOR, Luciano Roberto Gulart. Direito fundamental à saúde psicológica: vulnerabilidade, consentimento e cidadania sob o prisma jurídico-bioético. Revista da AJURIS, v. 44, n. 142, p. 227-244, 2017.
CARVALHO, Marina Wanderley Vilar de. Interfaces entre Psicologia e Direito: desafios da atuação na defensoria pública. Psicologia Ciência e Profissão, v. 33, p. 90-99, 2013.
CAVALCANTE, Paula Rosana. Afinal, psicólogas/os na Defensoria Pública para quê? Psicólogas/os para quem? Qual a relação entre Psicologia e Defensoria Pública? Uma breve apresentação. In:__________. Questões Institucionais e Atuação Interdisciplinar Psicólogas e psicólogos na Defensoria Pública: a psicologia a serviço da população, dos seus direitos e do acesso à justiça. São Paulo : EDEPE, v. 3, n. 20, p. 7-10, 2018a.
CAVALCANTE, Paula Rosana. Psicólogas/os na Defensoria Pública: novas possibilidades de atuação e velhos desafios da Psicologia Jurídica. In:__________. Questões Institucionais e Atuação Interdisciplinar Psicólogas e psicólogos na Defensoria Pública: a psicologia a serviço da população, dos seus direitos e do acesso à justiça. São Paulo: EDEPE, v. 3, n. 20, p. 11-39, 2018b.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Código de ética profissional do psicólogo. Brasília, 2005. Disponível em . Acesso em 01 de fevereiro de 2020.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução nº 1, de 22 de março de 1999. Estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual. Disponível em < https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/1999/03/resolucao1999_1.pdf >. Acesso em 17 de fevereiro de 2020.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução nº 1, de 29 de janeiro de 2018. Estabelece normas de atuação para as psicólogas e os psicólogos em relação às pessoas transexuais e travestis. Disponível em < https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2018/01/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CFP-01-2018.pdf>. Acesso em 17 de fevereiro de 2020.
DEL POPOLO, Juan H. Psicologia judicial. Ediciones Jurídicas Cuyo, 1996.
DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. Diálogos. Trad. Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo: Escuta, 1998.
FORPROEX. I Encontro Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras. Conceito de extensão, institucionalização e financiamento. UNB, Brasília, 04 e 05 de novembro de 1987.
FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR BRASILEIRAS. Plano Nacional de Extensão Universitária. Brasília, Rede Nacional de Extensão, 2001.
FOUCAULT. Michel. A ordem do discurso. 14. ed. São Paulo: Ed. Loyola, 2006.
FRANÇA, Fátima. Reflexões sobre psicologia jurídica e seu panorama no Brasil. Revista Psicologia-Teoria e Prática, v. 6, n. 1, 2004.
GUATTARI, Félix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. 7. ed. revisada. Petrópolis: Vozes, 2005.
GOMES, Aguinaldo Rodrigues; NETO, Miguel Rodrigues de Souza; CAFOLA, Diego Aparecido. De satã a diaba - O corpo negro homossexual no cinema brasileiro. In: SCUDDER, Priscila de Oliveira Xavier; GONZÁLEZ, José Marin; ÁVILA, Carlos Frederico Dominguez. Racismo Ambiental, Ecologia, Educação e Interculturalidade. Campo Grande: Life, v. 1, p. 61-83, 2019.
LAGO, Vivian de Medeiros et al. Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos de atuação. Campinas: Estudos de Psicologia, v. 26, n. 4, 2009, p. 483-491.
NASCIMENTO, Márcio Alessandro Neman do. Corpos (con)sentidos: cartografando processos de subjetivação de produto(re)s de corporalidades singulares. 2015. 265f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Assis, 2015.
NOGUEIRA, Conceição. Interseccionalidade e psicologia feminista. Salvador: Editora Devires, 2017.
PARKER, Richard; AGGLETON, Peter. Estigma, discriminação e AIDS. Tradução de Cláudia Pinheiro. Rio de Janeiro: ABIA, Coleção ABIA – Cidadania e direitos, v.1, 2001.
PITTA, José Cássio do Nascimento; DINIZ, Denise Pará; MARCHEWKA, Tania Maria Nava. Saúde mental e direitos humanos. In:DINIZ, Denise Pará. Guia de qualidade de vida: saúde e trabalho. 2 ed. São Paulo: Manole, 2013, p. 179 - 196.
RICH, Adrienne. Compulsory Heterosexuality and Lesbian Existence. In: Signs. v. 5, n. 4, Women: Sex and Sexuality, 1980, p. 631-660.
RUBIN, Gayle. El tráfico de mujeres: notas sobre la economía política del sexo. Trad. Stella Mastrangelo. In: LAMAS, Martha (Comp.). El gênero: la construcción cultural de la diferencia sexual. 3. ed. México: Miguel Ángel Porrúa: Programa Universitario de Estudios de Género - UNAM, 2003. p. 35-96
STAMMERS, Neil. Movimentos sociais e a construção social dos direitos humanos.In: MENEZES, Rafael Lessa Vieira de Sá; SANTOS Caio Santiago Fernandes; Neto Edgar Pierini. Direitos Humanos:Fundamentos e efetividade dos direitos humanos. São Paulo: EDEPE, v. 3, n. 21, p. 7 - 32. 2018.
WELZER-LANG, Daniel. A construção do masculino: dominação das mulheres e homofobia. Florianópolis: Revista Estudos Feministas, vol. 9, nº. 2, p. 460-482, 2001.
DOI: https://doi.org/10.15210/ee.v25i2.18209
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2020 Expressa Extensão
Esta obra está licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição - Não comercial - Compartilhar igual 4.0 Internacional.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
INDEXADORES, REPOSITÓRIOS, CATÁLOGOS E BASE DE DADOS
[PT] A Expressa Extensão é indexada nos seguintes espaços:
[EN] The Expressa Extensão is currently indexed in the following databases and cataloguess:
INDEXADORES:
_____________________________________________________
Revista Expressa Extensão, Pelotas/RS - Brasil - ISSN 2358-8195
Pró-Reitoria de Extensão e Cultura
UFPEL - PREC - EDITORA