A ignorância de proposições lotéricas e algumas importantes implicações (Primeira parte)
Resumo
Este ensaio pretende resolver dois paradoxos que compartilham o uso de proposições lotéricas negativas. O primeiro tem sido chamado de “o paradoxo da loteria” e o segundo, vamos chamar aqui, de “o paradoxo das proposições lotéricas”. Em relação ao primeiro, queremos mostrar que a linha de solução de Harman é viável, se adotarmos os dispositivos sugeridos aqui. Em relação ao segundo, queremos mostrar que sua resolução se assenta sobre a adoção de duas teses: (1) proposições lotéricas negativas só são incognoscíveis se forem acreditadas exclusivamente com base numa inferência indutivo-estatística e (2) mesmo que um agente disponha de um modo de geração de crenças que não seja o da inferência indutivo-estatística para crer em proposições lotéricas negativas, o mundo em que ele e a loteria encontram lugar tem de ser epistemologicamente propício para que ele possa sabê-las.
Palavras-chave
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