A JUSTAPOSIÇÃO E O MECANISMO DE JUNÇÃO "E" COMO INDÍCIO DA COMPLEXIDADE NA ESCRITA INFANTIL

Paulo Alexandre Filho, Claudineia Peres Bertaglia

Resumo


Diante da complexidade dos fenômenos da linguagem escrita, este trabalho tem como objetivo analisar os mecanismos de junção (MJ) utilizados em textos narrativos e argumentativos, de escreventes do 6° ano, do Ensino Fundamental II e da rede pública, em duas escolas estaduais do interior do estado de São Paulo. Para tanto, fez-se uma revisão da literatura científica, amparada na Linguística Funcional, para fins de embasamento teórico que fornecesse os subsídios necessários para conduzir esta investigação. A metodologia empregada foi de natureza quanti-qualitativa, tendo como instrumento para coleta de dados os gêneros “conto de terror” e “artigo de opinião”, trabalhados durante as aulas de Língua Portuguesa, obedecendo a estratégias de encaminhamento e comandas específicas. A hipótese inicial é de que, diferentemente da simplicidade associada à escrita infantil, os escreventes partem de situações concretas de enunciação, pois, nessa idade, imprimem, na escrita, suas experiências com as tradições da oralidade típica do ambiente familiar. Nesse sentido, as análises quantitativa e qualitativa permitiram obter conclusões acerca das diferentes acepções de sentido, possíveis nos diferentes e diversos usos dos mecanismos de junção (MJ), corroborando a ideia preliminar de que as situações de escrita, atreladas a determinados gêneros, requerem dos escreventes diferentes tipos de articuladores linguísticos.


Palavras-chave


Narrativas; argumentação; mecanismos de junção.

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DOI: https://doi.org/10.15210/cdl.v0i42.20818



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