DISCURSO E SUBJETIVIDADE: AS REPERCUSSÕES MIDIÁTICAS SOBRE A DEFESA DE DILMA NO JULGAMENTO DO IMPEACHMENT

Abraão Janderson dos Santos Amaral, Raimundo Isidio de Sousa

Resumo


Em 2016, durante o julgamento do Impeachment de Dilma Rousseff no Senado, estiveram em evidência várias repercussões midiáticas sobre o discurso de defesa da ex-presidenta, com resquícios simbólicos ancorados nas posições às quais pertenciam os sujeitos midiáticos. Com enfoque nesse acontecimento, este trabalho objetiva analisar a forma como os portais de notícia UOL e Carta Capital se manifestaram subjetiva e discursivamente em suas reportagens. Para tanto, delineou-se as condições de produção do arquivo discursivo; em seguida, interpretou-se as discursivizações e os movimentos subjetivos dos portais de notícia, bem como suas implicações na produção de efeitos de sentidos acerca do impeachment. A fundamentação teórica tem como aparato a Análise Materialista de Discurso, recorrendo-se a autores como Pêcheux (1997; 1999; 2014) e Orlandi (2001; 2017). O estudo é de cunho descritivo-interpretativo e qualitativo. Nas análises, constata-se que os sujeitos produzem suas matérias de acordo com suas formações discursivas, manifestando aspectos subjetivos por meio de marcas discursivas e outros mecanismos textuais. Nesse sentido, o portal de notícias Carta Capital mobiliza discursos inscritos numa formação discursiva favorável à defesa de Dilma, ao contrário da UOL, que aciona uma formação discursiva instituidora de uma imagem negativa da ex-presidenta.

Palavras-chave


Subjetividade; discurso; mídia; impeachment.

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DOI: https://doi.org/10.15210/cdl.v0i41.20815



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