“EU NÃO TENHO COMO TE OFERECER FLORZINHA AGORA SE EU RECEBI UM MONTE DE ESPINHOZINHO” – NARRATIVA, RACISMO COTIDIANO E TRAUMA NO CONTEXTO ESCOLAR

Gabriela dos Santos Coutinho, Talita de Oliveira

Resumo


A virada narrativa na Pesquisa Social e nos Estudos da Linguagem trouxe um novo olhar para o modo como os seres humanos operam na cultura e criam subjetividades. Cada vez mais compreende-se a centralidade das narrativas para a análise do modo como construímos um sentido de self assim como o mundo social que nos cerca. Considerando a narrativa como forma de organização básica da experiência e da memória humanas, o objetivo deste trabalho é discutir a dimensão psicossocial do racismo na construção da subjetividade de pessoas negras. Para tanto, partimos da análise da narrativa de experiência pessoal de uma mulher negra que rememora a violência e o trauma impostos pelo racismo cotidiano na infância, especialmente no contexto escolar. Aliamos a análise linguístico-discursiva da performance narrativa dessa mulher negra ao campo dos estudos das relações étnico-raciais, com destaque para a abordagem psicanalítica dos impactos do racismo na psique de sujeitos negros e para as discussões sobre racismo na escola. A análise da narrativa mostra como o racismo cotidiano resulta em trauma na infância de meninas negras na escola ao mesmo tempo em que aponta para movimentos de resistência e de descolonização pela re-historiação das experiências vividas. O presente trabalho pode auxiliar no processo de descolonização da própria produção do conhecimento e possibilitar a escuta atenta a narrativas que ainda precisam ser re-historiadas em nossas pesquisas.


Palavras-chave


Narrativa; racismo cotidiano; trauma; escola

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DOI: https://doi.org/10.15210/cdl.v0i40.20721



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