A IMAGEM LATENTE DE SÃO LUÍS: DIÁLOGOS POSSÍVEIS ENTRE A FOTOGRAFIA E A POESIA À LUZ DA MEMÓRIA DA CIDADE

Maria Thereza Gomes de Figueiredo Soares, José Ferreira Junior, Márcia Manir Miguel Feitosa

Resumo


São Luís, palco de significativa produção literária, sobretudo no século XIX, é a cidade natal de Maria Firmina dos Reis, Arthur Azevedo, Aluísio Azevedo, Graça Aranha, Odylo Costa, filho, dentre outros, sendo também o local de nascimento daquele que se destacou na poesia moderna: Ferreira Gullar. A obra gullariana mais emblemática é Poema Sujo, em que traduz, em versos, seu eu-lírico no exílio. Este artigo propõe estabelecer possíveis relações entre a fotografia e a literatura, tendo como eixo de análise a relação da memória com três conjuntos de fotografias da série Visões de um poema sujo, de autoria do artista maranhense Márcio Vasconcelos, inspirada na poesia de Gullar. Considerando a cidade de São Luís como arrimo entre as duas obras, utiliza-se como base teórica o conceito de memória dos autores Michael Pollak e Maurice Halbwachs, com vistas à observação de tais relações. A metodologia empregada é o estudo do caso e o procedimento de análise de dados parte do entendimento desses conceitos de memória, em diálogo com um ponto de vista semiótico na configuração de Charles Sanders Peirce, no intuito de uma leitura da composição imagética enquanto linguagem visual. Como resultado há afastamentos e aproximações entre os dois suportes artísticos (a palavra escrita e a imagem fotográfica), razão pela qual a fotografia pode ser atravessada, por intermédio do olhar fotográfico. Considera-se, portanto, que a imagem propõe ao espectador um jogo de recepção e de tradução, sendo esse um processo no qual são acionados o código verbal (texto de partida) para envolvê-lo no processo tradutório e apontar para o visual (texto de chegada), caminho aberto às subjetividades.

Palavras-chave: Poema sujo; fotografia; memória; São Luís.


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DOI: https://doi.org/10.15210/cdl.v0i37.18788



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