POR UMA DEFESA DO ENSINO DE LITERATURA NA ESCOLA: A IMPORTÂNCIA DO DIÁLOGO NA FORMAÇÃO DE SENTIDOS

Caroline Dambrozio Guerra

Resumo


Neste texto, pretende-se discutir, de maneira pontual e guardadas as devidas proporções, o lugar e o papel do ensino da literatura em contexto escolar brasileiro. Para isso, como não há nada melhor do que a própria literatura para (auto)defender-se, a reflexão parte de uma análise da obra O aventuroso Simplicissimius, do escritor alemão Hans Jakob Christoffel von Grimmelshausen (1621-1676). Na sequência, propõe-se uma leitura do texto A Rainha Mabe, do brasileiro Monteiro Lobato (1882-1948), de forma a aproximar as discussões iniciais ao contexto da literatura no Brasil. A principal ligação que se busca estabelecer entre a defesa do ensino da literatura e a análise desses dois textos literários encontra seu alicerce no conceito de “diálogo”, aqui entendido, sobretudo, a partir dos apontamentos do estudioso russo Mikhail Bakhtin. Entretanto, para atingir os objetivos dessa proposta, empreende-se uma ampliação desse conceito a uma dimensão, pode-se dizer, extralinguística e extraliterária, focada, principalmente, na importância da presença do diálogo para o processo de formulação de sentidos e de construção de conhecimentos pelos quais os sujeitos se formam e se constituem. Além disso, são postuladas algumas considerações a respeito da primazia da leitura, na escola, da literatura brasileira em detrimento da “literatura universal”, de forma a problematizar essa prática arraigada e legitimada na e pela tradição escolar.


Palavras-chave


Diálogo; ensino de literatura; literatura brasileira; literatura universal.

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DOI: https://doi.org/10.15210/cdl.v0i38.16977



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