VARIEDADE DA SÁTIRA: UMA ANÁLISE DE CARTAS DE UM DIABO A SEU APRENDIZ, DE C. S. LEWIS

Pâmela Rodrigues Scutari

Resumo


A sátira como obra literária e diversa formal e estilisticamente, e como meio de agressão, denúncia, crítica e correção de sua vítima se manifesta desde a antiguidade. A função social desempenhada pelo satirista ao apresentar a verdade, isto é, discrepâncias entre ideal e realidade, gera temor em seu público e se associa a uma tarefa moral. Isso revela a proximidade da sátira à religião, já que o comportamento lhes é um elemento em comum: a primeira denuncia, humorada e/ou agressivamente, a hipocrisia de determinado grupo social para lhe sugerir correção; a última prescreve comportamentos que considere adequados à sociedade religiosa, porém oferece exemplos de hipocrisia ao longo de sua história. A ficção epistolar Cartas de um diabo a seu aprendiz (1942), de C. S. Lewis, demonstra, portanto, a manutenção da variedade formal, estilística e, principalmente, funcional da sátira ainda no século 20, e a relação dialética entre satirista, obra literária e os contextos histórico-social e religioso em que se insere.


Palavras-chave


Ficção satírica; humor; sociedade; religião.

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DOI: https://doi.org/10.15210/cdl.v0i38.16925



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