Baudelaire na triple frontera: considerações sobre a rasura da origem

Eleonora Frenkel Barretto

Resumo


O artigo analisa a transcriação do poema L’albatros, de Charles Baudelaire, realizada por Douglas Diegues e editada em 2015 por uma multinacional cartonera. A transcriação é pensada com Walter Benjamin, a partir do ensaio “A tarefa do tradutor” (1923), que traz reflexões sobre a tradução como um “continuum de transformações”, uma potência de desdobramento de um texto de partida que deixa de ser um original divinizado, ao qual se deve fidelidade e similitude, para ser a origem da qual emerge o contato com o divergente e o atravessamento pelo estrangeiro. A transdeliração de Diegues aparece como um gesto barroco de apropriação transgressiva da tradição, ao traduzir para uma “língua impura”, com elementos paródicos e patéticos, um poema que se traduz para o português brasileiro desde 1878 de modo sublimador.

Palavras-chave: Transcriação; Origem; Baudelaire; Portunhol selvagem.


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DOI: https://doi.org/10.15210/cdl.v0i33.16238



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