TRAÇOS DA LINGUAGEM FOTOGRÁFICA EM LA ISLA A MEDIODÍA

Michele Savaris

Resumo


Dentro da obra de Julio Cortázar, encontramos inúmeros textos que compõem diversos gêneros como poesia, conto, romance, ensaio, teatro e outros que, muitas vezes, são de difícil classificação. Nesse universo, a literatura cortazariana chama atenção pela grande quantidade de imagens que sugere, mesmo frente a temáticas que soam abstratas e complexas. Dos elementos que se repetem nos textos desse escritor, a fotografia é um deles. Além da relação pessoal de Cortázar com a câmera fotográfica, em um de seus ensaios, o escritor propôs uma reflexão acerca do conto e sua ligação com a fotografia. Para ele, a estrutura de um conto se aproxima à estrutura da fotografia, pois ambos seguem padrões semelhantes, embora tenham origens bem distintas. Além disso, o modo com que escreve seus contos, pressupõe a presença não apenas de um escritor, mas a de um fotógrafo que compõe, enquadra, analisa e recorta sua narrativa. Para ilustrar essa ideia, o presente trabalho busca analisar o conto La isla a mediodía (1966), de Julio Cortázar, sob a ótica da fotografia, mas sem ignorar seu viés fantástico. Tal conto oferece inúmeras possibilidades para que se possa estabelecer essa discussão, já que o olhar, um dos elementos mais presentes no campo fotográfico, perpassa toda a narrativa a partir das atitudes do protagonista Marini. Seu ponto de vista, em relação a tudo o que observa, pode ser comparado ao de um fotógrafo que, por via da câmera, olha, seleciona e narra por meio das imagens registradas.

 

Palavras-chave: Fotografia; Julio Cortázar; Literatura.



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DOI: https://doi.org/10.15210/cdl.v0i30.13073



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