O Comércio na Fronteira Brasil/Uruguai: identificando padrões nos tecidos intraurbanos.
Resumo
Algumas cidades de fronteira entre o Brasil e o Uruguai apresentam traçado urbano com continuidade espacial, como se fossem uma cidade apenas, como é o caso de Aceguá, Chuí e Sant’Ana do Livramento, contíguas a Acegua, Chuy e Rivera, respectivamente. Supõe-se que no tecido intraurbano a localização comercial ocorra com influência da morfologia urbana das cidades contínuas ou por lógicas independentes. Assim, estabelecimentos comerciais livres de impostos e os demais foram mapeados e classificados de acordo com seus portes, transcritos num Sistema de Informação Geográfica e comparados com uma medida morfológica de centralidade. Levantamentos de tráfego auxiliaram na calibração dos modelos processados no programa UrbanMetrics e legitimaram os resultados para centralidade. A comparação das localizações dos estabelecimentos com a centralidade foi realizada através de correlação matemática, indicando quais estão regidas por lógicas conjuntas ou separadas. Ao testar hipóteses, os estudos revelaram tendências diferenciadas para todos tipos e portes de estabelecimentos, sugerindo que os livres de impostos aproximam-se das maiores centralidades, que os de grande porte buscam atender ambas as cidades, que os médios focam na própria cidade e que os pequenos pulverizam-se absorvendo mercados remanescentes, mas que também concentram-se aproveitando o fluxo dos demais. Ao cabo, pode-se pensar que a permanência das cidades está ligada às lógicas de localização das atividades comerciais, que influenciam seus processos e relações socioeconômicas.
Palavras-chave: fronteira; estrutura intraurbana; uso comercial; morfologia urbana; centralidade.
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