A FÁBRICA DA HISTÓRIA: DO “ACONTECIMENTO” À ESCRITA DA HISTÓRIA AS PRIMEIRAS ESCOLHAS GREGAS
Resumo
O artigo trata da origem da história na epopéia, ou
melhor, na ruptura com a epopéia, quando o mundo deixa de ser
épico, quando se coloca o problema herodoteano de falar do
passado não mais baseado na autoridade das Musas, mas na
investigação. Na epopéia, o poeta falava em verso do passado
que lhe era revelado pelas Musas; na história, o historiador
discorre em prosa sobre o passado, do qual ele sabe por ter visto
ou sido informado. Discorda de Hannah Arendt, que via o
nascimento da história no relato da tomada de Tróia, feito por
Demódocos na Odisséia, pois, para ela, a presença de Ulisses, lá
na tomada de Tróia, e aqui, no relato dessa tomada pelo aedo,
seriam a prova de que o fato realmente aconteceu. F. Hartog,
entende que os agentes envolvidos no relato da tomada de Tróia
(Ulisses, o aedo e o público) estão todos ainda inseridos no
sistema de crença na onisciência e onivisão das Musas que
revelam a verdade do que aconteceu aos aedos; no entanto,
aponta a singularidade desse momento da épica grega em que o
Demódocos “poeta-cantor” justapõe-se ao Demódocos
“historiador”, apontando para a futura operação historiográfica
que virá com Heródoto.
Texto completo:
PDFDOI: https://doi.org/10.15210/hr.v6i6.11941
DOI (PDF): https://doi.org/10.15210/hr.v6i6.11941.g7616
Publicação Semestral do Núcleo de Documentação Histórica da UFPel - Profa. Beatriz Loner
Programa de Pós-Graduação em História da UFPel
Instituto de Ciências Humanas
Universidade Federal de Pelotas