APOMIXIA, GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS

Miguel DALL’AGNOL, Maria Schifino-Wittmann

Abstract


A apomixia, formação de sementes sem fecundação, ocorre em 15% das famílias das angiospermas (Magnolyophytas). Existem dois grandes tipos de apomixia, gametofítica e esporofítica. A primeira vem sendo mais estudada e desperta maior atenção e interesse. Apesar de anteriormente considerada como um beco-sem-saída evolutivo, as informações recentes sobre a genética, herança e a descoberta de variabilidade em apomíticos mostram o grande potencial deste modo de reprodução para o melhoramento genético de plantas. A apomixia compreende três etapas principais distintas: a ausência ou redução da meiose; a ativação do desenvolvimento da oosfera não fecundada, e a iniciação autônoma, ou não, do
endosperma. O fenômeno é atualmente considerado como um  urto circuito ou desregulação em estádios-chave do desenvolvimento sexual normal e sua herança é complexa, apesar de aparentemente controlada, na maioria dos casos, por poucos genes dominantes. No melhoramento de plantas, a apomixia surge como uma possibilidade de capturar e fixar o vigor híbrido, e o sucesso deste procedimento tem sido mais intenso em plantas forrageiras. As tentativas de transferir a apomixia de parentes silvestres para plantas cultivadas, como o milho e o milheto, não estão sendo bem sucedidas como esperado. Nestes casos, a transferência biotecnológica parece ser o melhor caminho. Entretanto, para que a apomixia venha realmente a ser incorporada como uma ferramenta na produção agrícola, há necessidade de mais pesquisas científicas multidisciplinares, e de uma regulamentação da proteção intelectual e garantia do acesso amplo e irrestrito a esta tecnologia.

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