ENTRE VIAGENS E IMAGINAÇÃO: A PERSPECTIVA DO MONSTRO NOS RELATOS DE VIAGENS

Yasmin Pol da Rosa

Resumo


No dia primeiro de maio do ano de 1500, Pero Vaz de Caminha envia uma carta ao monarca de Portugal fornecendo um relato sobre tudo que vira nas paragens recém-chegadas denominadas de Vera Cruz. Em seu relato, Caminha destaca as minúcias da nova terra, conferindo especial atenção aos habitantes e seus costumes. O escrivão não esconde seu encantamento pelos nativos, fato evidenciado por passagens que ressaltam a beleza de seus corpos, porém, apesar disto, trata-os como humanos bestiais por não conseguirem se comunicar com os europeus, bem como por andarem despidos. Cerca de cinquenta anos mais tarde, o jovem aventureiro alemão Hans Staden publica o relato da sua vivência com os habitantes das terras brasileiras, livro que vem à tona como “testemunho de verdade” à existência de povos canibais, selvagens e bestiais que, segundo o autor, povoavam o Novo Mundo. Tomando este contexto como perspectiva, na presente comunicação pretende-se investigar algumas categorizações de monstro manifestadas nos relatos de viagens da Idade Média, especialmente as atreladas a fatores geográficos e culturais, observando como atravessaram barreiras temporais e sobreviveram até hoje. Neste sentido, procura-se entender, também, as principais características e especificidades do corpo chamado de grotesco, atrelando-o às concepções de monstro eclodidas ainda na Antiguidade, mas que deixaram reminiscências nas concepções medievais, modernas e contemporâneas de monstruosidade.


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