BAIRROS DE BARRAGENS: DE “EM PICOTE NÃO HAVIA NADA” À EDIFICAÇÃO DE UMA CIDADE

Inês Pinho

Resumo


No âmbito do I Plano de Fomento Nacional, a eletrificação de Portugal é vista como uma forma de modernização nacional. Em 1951, desenvolve-se um estudo que procurasse aproveitar economicamente o Rio Douro. Como fruto desse estudo, compreende-se a importância da construção das Barragens no Douro Internacional, tomando-se como prioridade a construção da Barragem do Picote entre 1953/1954. Localizada no Barrocal do Douro, Miranda do Douro, Bragança, é frequentemente referida como uma zona profundamente rural e precária em relação ao restante panorama nacional, sendo o local escolhido para a sua construção, remoto, sem aglomerados urbanos próximos e de difícil acesso. Nas palavras de um dos seus arquitetos, João Archer de Carvalho, “Em Picote não havia nada”. É, neste sentido, que este arquiteto em conjunto com Rogério Ramos e Manuel Nunes de Almeida projetam uma obra de arte total que conferisse equipamentos habitacionais condignos para os milhares de trabalhadores nas obras, bem como uma série de equipamentos sociais que permitiam o acesso a todos os tipos de infraestruturas necessárias para o quotidiano, equiparando-se a uma pequena cidade. Picote é uma das primeiras experiências da Arquitetura do Modernismo em território português, atualmente ainda profundamente desconhecida do público, mas cuja dimensão é visível na linguagem arquitetónica, no pensamento urbano e no detalhe em que todos os pormenores de acessibilidade e comodidade são nesta localidade refletidos.


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