FOMOS TODOS CISGÊNEROS? HISTÓRIA DA ARTE E REPRESENTAÇÕES DE CORPORALIDADES TRANS NA ANTIGUIDADE

Lau Graef D. Camargo, Igor Moraes Simões

Resumo


Apresentamos aqui a tentativa de começar uma disputa epistemológica, dialética e anacrônica de narrativas da história da arte. Na pesquisa, mostramos o que é, até então, o resultado de um esforço para localizar objetos de arte produzidos na antiguidade que permitam, por meio de uma abordagem transfeminista, um deslocamento de perspectiva em relação a questões de gênero aplicadas às corporalidades representadas.
Consideramos a ficção da diferença sexual binária na modernidade enquanto dispositivo que traduziu determinadas identidades como a-históricas, normais, naturais e neutras, dando-nos a falsa impressão de que essa perspectiva existe desde o começo dos tempos; já os corpos dissidentes aparecem então como invenção da modernidade. A partir disso há de se retomar algumas análises constituídas enquanto verdades inegociáveis e tensioná-las no intuito de problematizar representações de experiências e corporalidades antigas na arte dando historicidade tanto a elas, quanto às identidades que elas produziram.
Analisamos, quatro (4) imagens de arte da antiguidade que, a partir de sua visualidade e dos discursos presentes em seu entorno, aproximam-nos do que agora entendemos como transgeneridade. É do nosso interesse entender que, por vezes, a falta de enunciação é por si só a reiteração de uma existência única; ao deixarmos de nomear a norma, ela segue estabelecida e inquestionável. Se o recurso linguístico da transgeneridade não se fez presente na antiguidade, o da cisgeneridade tampouco – sendo assim, intentamos perceber subjetividades, articular intersecções e deslocamentos no sentido de preservar histórias ao passo que, buscamos ampliar possibilidades de pertencimento para corporalidades trans dentro da história da arte.


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