A INSERÇÃO DA FOTOGRAFIA NO CENÁRIO CULTURAL BRASILEIRO SOB A ÓTICA DE FÉLIX FERREIRA
Resumo
O contexto cultural do século XIX no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, apresenta uma trama bastante complexa no que concerne à relação entre os seus agentes. As instituições legitimadas naquele momento, como o Liceu de Artes e Ofícios e a Academia Imperial de Belas Artes, foram espaços de circulação de uma gama de gêneros hierarquicamente concebidos, bem como de distintas linguagens. Estas ainda dividiam-se entre aquelas pertencentes ao domínio das “belas artes” e as chamadas “artes industriais”, que representavam a busca por progresso e a inserção do país em um cenário de desenvolvimento. Tendo como ponto de partida essa trama de agentes, o presente artigo objetiva criar um ponto de entrada no pensamento do jornalista e crítico Félix Ferreira, autor do primeiro livro sobre arte brasileira publicado em 1885 e intitulado Belas Artes: estudos e apreciações, desenvolvendo, a partir de uma análise neste texto fundador, cria-se um panorama de como o teórico percebia a fotografia como uma linguagem que, para além de potencialmente constituir um importante auxiliar para a pintura, como muitos artistas e teóricos da época acreditavam, poderia também desenvolver papéis como auxiliar na popularização da arte e, a partir de seu ensino, inserir o país em um patamar de desenvolvimento, tão caro ao pensamento da época.