PACTO DE LEITURA AUTOFICCIONAL E ELEMENTOS PERITEXTUAIS
Resumo
Serge Doubrovsky (1977), em seu romance Fils, cunha o termo ‘autoficção’ e o define como a ficção “de fatos e acontecimentos estritamente reais”. Neste artigo, entende-se que a autoficção se afirma pelo estabelecimento de um pacto duplo de leitura, no qual nenhuma das vias deve ser rompida. A primeira delas, autobiográfica, diz respeito à referencialidade, ou seja, ao reflexo do que fora vivido pelo próprio autor no mundo factual. A segunda via, ficcional, remete ao imaginário. Esta definição é fruto do estudo da crítica francesa sobre o assunto em questão, sendo o livro Ensaios sobre a autoficção (2014), organizado por Jovita Noronha, fundamental, e do estudo da crítica brasileira, sobretudo de autores que se debruçam sobre obras nacionais contemporâneas cujos pactos de leitura se inscrevem no autoficcional. Neste trabalho, analisa-se o funcionamento dos elementos peritextuais para a afirmação do pacto de leitura em cinco obras: A chave de casa (2007), de Tatiana Salem Levy; O gosto do apfelstrudel (2010), de Gustavo Bernardo; Ribamar (2010), de José Castello; Diário da queda (2011), de Michel Laub; e O oitavo selo (2014), de Heloísa Seixas. Os peritextos, definidos por Gérard Genette (1987) como a categoria de paratextos que se insere “em torno do texto, no espaço do mesmo volume [...] e, às vezes, inserido nos interstícios do texto”, apresentam importante papel na potencial efetivação do pacto de leitura autoficcional.
Palavras-chave: Autoficção. Contemporâneo. Literatura Brasileira. Pacto de leitura