SOBREVIVÊNCIAS NO TEMPO: LABIRINTOS E DESVIOS

Letícia Weiduschadt

Resumo


Sabe-se que a profissionalização do artista nas artes visuais trouxe mudanças nos processos de criação, refletindo consequentemente na produção de obras de arte contemporânea. Destarte, interessa-nos analisar o processo de profissionalização de Nuno Ramos levando em conta sua discursividade. Através das margens, das escritas sobre as bordas, entre rasuras e reconstruções, o artista tem construído ao longo de sua trajetória um lugar de fala que, para ele, teria se iniciado como carreira profissional em 1988. Considerando seus textos literários e sua escrita sobre seu processo criativo, revisitaremos a sistematização do termo “artista-escritor” de Lawrence Alloway a fim de analisar as intenções de seu trabalho individual e do grupo Casa 7. Para Nuno Ramos, os encontros com o grupo foram um marco de amadurecimento inicial em sua carreira artística e um paradoxo com o rótulo “Geração 80”, já que na década de 90, novas formas de compreender as mudanças poéticas individuais se desdobraram para além da clave pictórica rotulada na década anterior. Neste sentido, o presente artigo analisa como a materialidade dos trabalhos de Nuno Ramos operam em direção a uma crítica ao papel do museu e/ou à uma certa submissão do artista diante da mercantilização de suas obras.

Palavras-chave: Nuno Ramos. Grupo Casa 7. Processo de criação. Escritos de artista. Crítica de arte.


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