A VIDEOARTE INFERNO – CONSTRUÇÃO, DESTRUIÇÃO, SIMULACRO E HISTÓRIA

Diana Krüger Martins, Renata Azevedo Requião

Resumo


A presente proposta busca analisar a videoarte Inferno, produzida pela artista visual israelense Yael Bartana. Na poética a artista se apropria de imagens da construção do terceiro Templo de Salomão, em São Paulo. O colossal empreendimento foi levado a cabo pela igreja evangélica brasileira Universal do Reino de Deus, em 2014. Naquele ano Inferno integrou a 31ª Bienal de São Paulo, “Como (...) coisas que não existem”. Como toda a arte que lida explicitamente com aspectos sensíveis da sociedade, neste caso a religiosidade, o trabalho da artista causou fortes reações. A arte sempre foi um campo de produções de recepção fraturada, em função das questões da vida social para a qual ela aponta. A artista apresenta uma narrativa que envolve a inauguração, a destruição e a posterior sacralização das ruínas do templo, que funcionaria no Brasil como um segundo Muro das Lamentações. Como trabalho de arte contemporânea, retoma elementos visuais de obras de arte clássicas, como A destruição do Templo de Jerusalém (1867, de Francesco Hayez), referentes ao destino de dois templos erigidos em Israel – saqueados e destruídos, em 586 a.C., e em 70 d.C. Assim, trabalhando com a linguagem do cinema, Bartana apresenta uma nova narrativa através da “montagem” de imagens cinematográficas, criando com a justaposição das imagens uma espécie de “janela” para outra dimensão, na qual comportamentos humanos ligados a tradição, religião e/ou política, produzem meras repetições.

Palavras-chave: Arte. Religião. História. Yael Bartana. Inferno.


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