DISSIDENTES DA HISTÓRIA: A REVOLUÇÃO E A QUESTÃO DA MULHER ARTISTA SOVIÉTICA
Resumo
Após o recente centenário da Revolução Russa, é necessário examinar tal acontecimento histórico a fim de refletirmos a atualidade da luta das mulheres, em uma perspectiva social e cultural. Soldadas invisíveis dos processos revolucionários do período, a história também não foi gentil com a memoração de seus nomes e feitos no que se refere às produções no campo das artes, em um momento em que desafiaram o panorama misógino da modernidade. O triunfo da vanguarda russa é impensável sem a participação das mulheres artistas. Entretanto, quando iremos apreciar as obras, ler ou ouvir falar do resgate da arte folclórica de Natalia Davidova, das composições suprematistas de Nina Genke-Meller, das iluminuras de Alexandra Exter, dos livros de artista, trajes e cenários para ballet de Natalia Goncharova, das arquiteturas pintáveis de Liubov Popova, do neoprimitivismo de Olga Rozanova, das gravuras de Kseniya Boguslavskaya, da poesia visual de Varvara Stepanova, dos ornamentos de Nadezhda Udaltsova, dentre outras? Pretendo abordar aqui uma base de estudos críticos em relação às práticas artísticas do período que compete à vanguarda russa pré e imediatamente pós Revolução de 1917, sob a perspectiva das artistas mulheres. Dessa forma, proponho uma compreensão de modos de interpretação e linguagens diferenciadas, uma anamnese de sujeitos pertinentes, a fim de documentar e ilustrar uma história da arte dentro de diferentes regimes de visibilidade e condições de produção cultural.