O SAMBA NO MERCADO PÚBLICO DE PELOTAS COMO ELEMENTO DE DIREITO À CIDADE
Resumo
Este artigo traz reflexões sociológicas acerca do samba na cidade de Pelotas/RS, sobretudo a partir de suas expressões no Mercado Público Municipal, nos eventos que ocorrem nos finais das tardes de sábado. Assim, é possível observar de que maneira tal expressão cultural relaciona-se com a dinâmica dos espaços urbanos e com a vida cotidiano dos sujeitos que os ocupam. O estudo está sendo desenvolvido no âmbito do Projeto de pesquisa “Sociologia e História em Henri Lefebvre”, vinculado à Universidade Federal de Pelotas, cujo objetivo é lançar olhares sobre a cidade de Pelotas a partir dos pressupostos teóricos do referido sociólogo francês, bem como de outros autores que dialogam com sua obra. Harvey (2010) considera que os processos de reorganização dos espaços da cidade, como a recente revitalização do Mercado, dizem respeito aos interesses capitalistas de exclusão de certos sujeitos. No entanto, através de observações flutuantes, observou-se como a presença do samba no espaço do Mercado é o fator que desencadeia um cenário completamente distinto do usual: há pessoas dançando, cantando, bebendo cerveja, e uma vez que o samba historicamente tratou-se de “porta-voz de um grupo social que vive à margem geográfica e simbólica da “sociedade oficial”” (TROTTA, OLIVEIRA, 2015, p. 102), considera-se a hipótese, ainda em fase de investigação, de que tal evento é um fenômeno que se contrapõe à mercantilização dos espaços públicos e remete à ideia de direito à cidade proposta por Lefebvre.