UMA BREVE ANÁLISE ICONOGRÁFICA, BASEADA NO MÉTODO PANOFSKY, DO PAINEL "A FUNDAÇÃO DE RIO GRANDE" DE ALDO LOCATELLI
Resumo
"A Fundação de Rio Grande", um painel que utiliza a técnica do óleo sobre a tela, com dimensões de 440 x 260 cm, é assinado e datado de 1960 pelo artista Aldo Locatelli e encontra-se presente na sala de eventos da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul - FIERGS. O painel faz parte de um conjunto de obras históricas do artista que retrata a formação étnica do Rio Grande do Sul, sendo uma das realizações mais estruturadas de Locatelli e também uma de suas mais esplêndidas composições. Devido ao seu caráter de monumentabilidade e pela perfeição artística, os murais de Aldo Locatelli engrandecem os salões de importantes edificações na cidade de Porto Alegre, cujo reconhecimento por parte da sociedade, confere-lhes um status patrimonial. Analisando as obras que representam a formação étnica rio-grandense, notou-se que o artista conseguiu munir os seus personagens de cargas emocionais capazes de propiciar elementos narrativos e expressivos que retratam facilmente a temática da obra. Constatou-se, entretanto, que a etnia africana, um importante componente formador da história do Rio Grande do Sul e do Brasil, foi representada através da figura lendária do Negrinho do Pastoreio. Busca-se, então, através deste estudo, compreender o(s) motivo(s) que levou(ram) o artista, neste painel, a representar um elemento étnico tão importante fazendo uso de um personagem lendário; como também compreender as razões de não representá-lo no mural intitulado "A Formação histórico-etnográfica do Rio Grande do Sul, presente no Salão de Audiências do Palácio Piratini em Porto Alegre.